A União Europeia aprovou nesta terça-feira (22/09) o plano de acolher 120 mil refugiados com o cumprimento de cotas obrigatórias entre os países do bloco. Divulgada há algumas semanas pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Jucker, a medida tem sido alvo de críticas de alguns países.
O encontro reuniu os ministros do Interior dos países da União Europeia em Bruxelas. No total, o plano foi aprovado por 23 países. República Tcheca, Hungria, Eslováquia e Romênia votaram contra. A Finlândia registrou a única abstenção.
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Governos europeus aprovaram o plano de acolhimento de 120 mil refugiados por países do bloco; foram 23 votos a favor e 4 contrários
O acordo prevê a realocação, no primeiro ano, de 66 mil refugiados que se encontram na Grécia e na Itália – países de entrada para a Europa – e outros 54 mil que estão na Hungria durante o próximo ano.
A medida não permitirá que os refugiados sigam para os países de sua preferência. “Os refugiados não poderão escolher para qual país irão, e precisarão permanecer onde foram alocados”, declarou o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière.
Robert Fico, premiê eslovaco, foi uma das autoridades que subiu o tom, se opondo à decisão. “Enquanto eu for primeiro-ministro, não serão implementadas cotas obrigatórias na Eslováquia”, declarou. Ele disse ainda que a imposição de cotas provocou rupturas entre autoridades europeias em um assunto delicado.
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Crise humanitária tem acirrado a política dos líderes europeus; na foto, refugiados na região fronteiriça entre a Croácia e a Sérvia
“Hoje é um dia ruim para a Europa”, disse à Reuters um diplomata de um dos países contrários ao plano. Segundo a mesma fonte, a atmosfera da reunião foi “terrível”.
Autoridades dos países que apoiaram a medida buscaram demonstrar a importância da votação e da articulação entre os Estados-membros. Bernard Cazeneuve, ministro do Interior da França, pontuou que o plano foi aprovado por uma “maioria esmagadora”. Para ele, a decisão de hoje mostra a “capacidade da Europa de assumir responsabilidades”.
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“Se nós falharmos em encontrar a solução certa a longo prazo, a crise dos refugiados poderia realmente ameaçar a existência da União Europeia. Mas eu não sou pessimista, acredito que chegaremos a medidas conjuntas”, disse em entrevista Miro Cerar, primeiro-ministro da Eslovênia.
Nesta quarta-feira (23/09), chefes de Estado e governo da Europa se reunirão também em Bruxelas para tratar da crise humanitária.
Nações Unidas
O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) criticou a proposta dos líderes europeus, por se tratar, segundo o órgão, de um número insuficiente, reportou a Reuters. “A União Europeia deve demonstrar se é verdadeiramente uma união, com uma política comum, ou só um conjunto de países que atuam individualmente”, afirmou a porta-voz Melissa Fleming. A declaração foi dada horas antes do encontro em Bruxelas.
A agência da ONU divulgou hoje que 97% das pessoas que chegam à Grécia têm direito a asilo. Segundo Fleming, 120 mil refugiados é o número equivalente de pessoas que chegam ao continente a cada 20 dias, de acordo com o fluxo atual.
Linha de trem interrompida
A empresa alemã de transporte ferroviário Deutsche Bahn e a companhia federal de trilhos da Áustria (ÖBB) anunciaram nesta terça-feira o fechamento da linha direta de trem que vai da cidade austríaca de Salzburg até Munique, na Alemanha. O trecho tem sido usada por dezenas de milhares de refugiados que para entrar no território alemão.
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A viagem de trem entre Salzburg (Áustria) e Munique (Alemanha) deixará de ser direta, como medida para dificultar a entrada de refugiados
Em comunicado, a ÖBB declarou que os trens irão parar em uma estação próxima à fronteira com a Alemanha, de onde os passageiros deverão seguir de ônibus ou táxi para Freilassing, cidade alemã mais próxima da divisa. Só então eles seguirão viagem por trem.
Na semana passada, o governo de Angela Merkel anunciou medidas de controle da fronteira. Somente no mês de setembro, mais de 100 mil refugiados entraram na Alemanha vindos da Áustria.