O Comitê Nacional de Paralisação (CNP) da Colômbia decidiu romper com a mesa de negociações depois de mais de 40 dias de greve geral e sem chegar a acordos com o governo colombiano. O CNP acusa o presidente Iván Duque de dilatar o processo e descumprir os pré-acordos e garantias mínimas de manifestação pacífica. Já o governo exige o levantamento dos bloqueios para retomar o diálogo.
“Depois de oito dias de intensas conversas, o governo disse que submeteria o conjunto de pré-acordos a consulta do seu gabinete de ministros. Agora, voltou à mesa para reabrir a discussão sobre os pontos pré-acordados”, afirmam, em comunicado.
Além dos pré-acordos, que incluíam o fim da militarização das cidades e garantias à mobilização pacífica, o CNP, criado durante as paralisações de novembro de 2019, também apresentou um conjunto de demandas, no dia 19 de junho de 2020, que até hoje não foram apreciadas pelo Executivo.
As petições populares são por uma reforma policial que garanta o fim do Esquadrão Móvil Antidistúrbios (Esmad) – espécie de BOPE colombiano -, assim como um projeto de renda básica universal para atender os trabalhadores durante a pandemia, e a ampliação do acesso à saúde e educação públicas.
Segundo dados oficiais, 42,5% da população colombiana vive em situação de pobreza. Em pouco mais de um ano de pandemia, o país registra 3,57 milhões de casos e 91.961 falecidos pelo novo coronavírus.
Congreso de Los Pueblos
Comitê Nacional de Paralisação da Colômbia rompe com mesa de diálogos acusando instransigência do governo
Visita da CIDH
Começa nesta terça-feira (08/06) a visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) à Colômbia para verificar as denúncias de brutalidade policial e intransigência da administração Duque nas negociações.
A CIDH irá se reunir com representantes do Comitê e também visitará os pontos de concentração dos atos e bloqueios de rua.
Desde o dia 28 de abril, quando iniciou a greve, foram registrados 77 homicídios, 2808 detenções arbitrárias e mais de 1200 feridos, segundo levantamento do Comitê de Paralisação.
Paralelamente, partidos políticos, organizações e movimentos camponeses organizam uma Assembleia Popular na zona sul de Bogotá para reunir as demandas dos diversos setores que compõem a paralisação e, assim, elaborar um documento amplo de reivindicações da greve geral.
“O máximo responsável pelo que vem acontecendo é o presidente Duque e seu governo. Com seu afã por acolher a orientação do seu partido de não negociar com o CNP, vemos agora os resultados”, aponta o comunicado.
A mesa de diálogo foi aberta no dia 24 de maio. Quatro dias depois, porém, o presidente Iván Duque descumpriu a lista de pré-acordos estabelecidas com os grevistas e decretou a intervenção militar em oito estados e 13 municípios colombianos.
Somente no primeiro dia de militarização em Cali, capital do estado Valle del Cauca, foram registrados 13 mortos pela ação policial, no mesmo dia em que Duque visitava a região.