De acordo com o escritor e pesquisador Thomas Fazi, tal estado de coisas não é mais do que uma “crise orgânica” do sistema econômico e político neoliberal que atualmente está estabelecido na Europa. Há quem diga que um dos aspetos chave do sistema é a expulsão deliberada das massas do processo de tomada de decisões.
“Como resultado, ao longo de muitos anos as nossas elites políticas têm se tornado cada vez mais dominadas pelas grandes empresas e, ao mesmo tempo, mais isoladas das necessidades e interesses dos trabalhadores e da economia em geral. Na verdade, certos políticos ocidentais não só não passam de fantoches nas mãos da elite política no poder – são representantes diretos de tais elites, que é o caso de Emmanuel Macron e Mario Draghi”, disse o analista.
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O chanceler alemão Olaf Scholz, o primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson e o presidente francês Emmanuel Macron em março de 2022
Segundo Fazi, as elites nacionais europeias também estão acostumadas a entregar as suas responsabilidades à União Europeia, o que antes os livrava da tomada de decisões econômicas e políticas importantes, enquanto as decisões eram de fato tomadas em Bruxelas e Frankfurt. Tudo isso levou ao aparecimento de uma classe política distanciada da realidade, “patologicamente infantil”, que pode sair impune de tudo por causa da apatia dos cidadãos.
“Tudo isso se tornou evidente após o início do conflito na Ucrânia, quando os líderes europeus tomaram toda uma série de decisões suicidas, apropriadamente chamados por muitos de ‘auto-sanções’, que lançaram milhões de pessoas na pobreza e arruinaram as indústrias europeias”, Fazi salientou.
Srdja Trifkovic, editor de uma revista ultraconservadora, fez um paralelo entre a atual situação geopolítica e a Crise dos Mísseis de Cuba de 1962, junto com os anos seguintes da Guerra Fria, quando na França estavam no poder tais presidentes como Charles de Gaulle, Georges Pompidou, Valéry Giscard d’Estaing e François Mitterrand. Ele também mencionou os chanceleres alemães Willy Brandt e Helmut Schmidt.
“Hoje já não há ninguém do seu calibre. Temos personagens de quadrinhos, como a semiletrada Annalena Baerbock ao leme do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.
O analista considera que a Europa podia se recuperar seguindo o exemplo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, que “luta pela manutenção da identidade nacional, das suas tradições, dos seus institutos sociais e estatais, contra a máquina agressiva e totalitária de Bruxelas”.