O Congresso do Peru barrou na noite desta terça-feira (07/12) uma moção que pedia a abertura do processo de impeachment do presidente do país, Pedro Castillo, por 76 votos contra, 46 a favor e quatro abstenções. A moção precisava de 52 votos favoráveis para ser aprovada.
“Em nome de meu Governo, agradeço que a votação do Congresso tenha colocado o Peru à frente de outros interesses”, declarou Castillo no Twitter, acrescentando ainda que “vamos acabar com a crise política e trabalhar juntos para conseguir um Peru justo e solidário. O povo confiou-nos os seus desejos. Não vamos decepcionar”.
Já a vice-presidente do governo peruano, Dina Boluarte, do mesmo partido que Castillo, o Peru Livre, agradeceu “a reflexão e o compromisso com o país da maioria dos votos no Congresso”, afirmando ainda que “após este capítulo, todas as forças políticas têm espaço para críticas na democracia. Nunca abandonemos a possibilidade de construir consensos”.
O pedido havia sido protocolado no Congresso no dia 25 de novembro, uma quinta-feira, por iniciativa da deputada Patricia Chirinos, do partido de direita Avança País, e teve o apoio de 28 parlamentares das siglas Renovação Popular e Força Popular.
Dina Boluarte/Twitter
Chapa de Castillo, eleita pelo partido de esquerda Peru Livre, está à frente do governo peruano desde fim de julho deste ano
Esta última agremiação, por sua vez, é liderada por Keiko Fujimori, filha do ditador e ex-presidente Alberto Fujimori, e oponente de Castillo na disputa do segundo turno da última eleição.
O documento fala em uma suposta “incapacidade moral” de Castillo, que está no governo desde o fim de julho, em exercer o cargo, e cita que “a incapacidade moral é a falta de qualidades morais essenciais para o exercício do cargo, nada tem a ver com governo e assuntos de Estado, que não são secretos, mas públicos”.
Na última semana de novembro, quando o mandatário peruano denunciou uma tentativa de “desestabilizar o país”, ele afirmou que “eles não toleram que um professor rural, um fazendeiro, chegue à presidência”.
A rejeição ao pedido de impeachment também se deveu ao trabalho do próprio presidente que, nos últimos dias, se reuniu com líderes de sete partidos peruanos para tentar reverter a situação e pedir que o Congresso focasse os esforços nas questões sanitárias e econômicas ligadas à pandemia de covid-19.
Apesar da política do país viver caótica há décadas, a situação foi ficando mais grave desde o fim de 2018 quando dois presidentes do país – Pedro Pablo Kuczynski e Martín Vizcarra – renunciaram após serem abertos processos de impeachment.
(*) Com Ansa.