O recém-nomeado embaixador da Venezuela no Brasil, Diego Alfredo Molero Bellavia, se define como “chavista” e “de esquerda”. Escolhido pelo falecido presidente Hugo Chávez como ministro da Defesa da Venezuela em 2012, Molero teve um papel importante no chamado à unidade dos venezuelanos em momentos críticos nos últimos meses, como a ida de Chávez a Cuba em dezembro, seu falecimento em 5 de março deste ano, e as eleições presidenciais de 14 de abril.
“Chamamos à unidade, à tranquilidade e o entendimento entre as partes”, manifestou Molero no dia em que o então vice-presidente Nicolás Maduro anunciou a morte de Chávez, gerando comoção no país. Em discurso transmitido por rede de rádio e televisão, o ministro da Defesa afirmou que a FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) estava unida para continuar lutando pelo ideal bolivariano e fazer com que a constituição do país fosse cumprida.
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Molero é intitulado comandante-chefe das Forças Armadas venezuelanas por Chávez, ao lado de seu então vice, Nicolás Maduro
Mas esta foi somente uma das vezes em que o responsável pela pasta manifestou lealdade ao chavismo e consequentemente acalmando ânimos em um país com um histórico de desestabilização de governos e golpes de Estado. Insistindo no “apego” dos militares aos ideais bolivarianos, o ministro também soube levar à calma quando Chávez anunciou que regressaria a Havana para tratar células cancerígenas identificadas em exames médicos.
“A pátria (…) não se perderá em nossas mãos, pois a Força Armada é do povo para o povo”, garantiu, na ocasião. Já após o falecimento do presidente, da curta campanha eleitoral e da votação de 14 de abril, Molero veio a público para esclarecer que os militares atuariam para garantir que o resultado do pleito fosse respeitado.
Nascido no estado venezuelano de Falcón e formado na Escola Naval da Venezuela, o ex-ministro de 53 anos foi alvo de duras críticas de opositores, que alegavam que as Forças Armadas não poderiam assumir uma posição política. Outra polêmica na qual se viu envolvido se deve à divulgação de uma gravação de uma suposta conversa entre o jornalista chavista Mario Silva e um agente de inteligência de Cuba, na qual se menciona um rumor de que este planejava um golpe contra o presidente Nicolás Maduro.
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No áudio, o ministro é defendido pela voz atribuída a Silva, que afirma que descarta a acusação e afirma que “há uma situação grave de boataria, de rumores”. Para o jornalista, Molero atua como um “operador”, cuja permanência na pasta da Defesa seria fundamental para controlar o poder do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, a quem acusa de conspirar contra o presidente. “Se Molero cair, Diosdado tomará o ministério”, excuta-se na gravação, classificada por Silva como “uma boa montagem”.
Antes das eleições de 14 de abril, em uma das diversas denúncias sobre tentativas de desestabilização de seu governo, Maduro advertiu que “novos traidores” pretenderiam dividir as Forças Armadas. Molero admitiu a possibilidade desta presença, mas afirmou que a estrutura militar do país estava “mais forte do que nunca”. “Somos uma rocha, um aço, que é inexpugnável por estes grupos (…) nunca conseguirão dividir esta união que nosso comandante em chefe [Hugo Chávez] conseguiu”, expressou.
Quando questionado no programa televisivo do jornalista e ex-vice-presidente José Vicente Rangel sobre os rumores de conspiração, afirmou: “É impossível que pela minha cabeça passe uma ideia deste tipo”, garantiu. “Me considero chavista, institucionalista e respeitoso da lei e dos regulamentos da República. O povo decidiu nas eleições passadas que o presidente, eleito constitucionalmente, é Nicolás Maduro, ao qual devo respeito, subordinação”, explicou, definindo-se como “um fiel garantidor” da constituição e da escolha dos venezuelanos.
Molero disse ainda que a união das Forças Armadas “durará por séculos” e que os militares têm consolidada a “ideologia bolivariana, socialista, antiimperialista, revolucionária”. Antes de comandar o ministério da Defesa sob Chávez e Maduro, Molero atuou como chefe da Divisão de Inteligência do Comando da Unidade de Segurança e Apoio, foi diretor da Escola Básica da Força Armada Nacional e comandante geral da Marinha Bolivariana.
Nesta segunda-feira (08/07), agradeceu a recente nomeação como novo embaixador da Venezuela no Brasil, por meio do Twitter: “Agradeço ao comandante em chefe, Nicolás Maduro, sua confiança ao me designar esta grande responsabilidade. Brasil e Venezuela, continuaremos a trabalhar juntos”, expressou, aproveitando para elogiar a nomeação da almirante Carmen Meléndez como nova ministra da Defesa do país e manifestar gratidão à FANB (Força Armada Nacional Bolivariana).