O Irã condenou, nesta terça-feira (02/04), os “ataques hediondos e terroristas” à embaixada do país persa em Damasco, capital da Síria, classificando-os de “mais uma violação do direito internacional” articulados por Israel.
“O número final e preciso de mortos permanece incerto, pois toda a premissa diplomática foi destruída com os indivíduos presos sob os escombros”, criticou Zahra Ershadi, embaixadora iraniana na ONU, confirmando que pelo menos sete funcionários iranianos perderam a vida em decorrência do atentado atribuído às forças israelenses.
As falas da representante foram proferidas no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), que se reuniu em um encontro convocado pela Rússia para debater sobre o ataque ocorrido no dia anterior e que resultou na destruição do edifício do consulado iraniano na Síria.
Na reunião, o secretário-geral adjunto das Nações Unidas para o Oriente Médio, Ásia e Pacífico, Khaled Khiari, endossou a condenação declarada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, ao ataque, argumentando que “a inviolabilidade da premissa diplomática e consular deve ser respeitada em todos os casos, de acordo com o direito internacional”.
De acordo com o representante, desde o início do ano, consta o registro de pelo menos uma dúzia de ataques contra a população iraniana na Síria, o que alerta para uma possível “escalada regional” de conflitos e “mina a paz e a segurança internacionais”.
Rússia critica operações israelenses na Síria e em Gaza
A Rússia, quem lidera o repúdio ao atentado, associou os ataques na Síria ao contexto das operações militares israelenses na Faixa de Gaza. Vasily Nebenzia, enviado da Rússia à ONU, apontou que as ofensivas de Tel Aviv seguem vigorando na região mesmo após a aprovação da resolução do Conselho da ONU que pede cessar-fogo imediato no enclave palestino.
“Essas ações de agressão são pensadas para atiçar o conflito”, afirmou o diplomata russo.
Nebenzia ainda criticou o “descaso” do premiê Benjamin Netanyahu em relação à medida contemplada internacionalmente, citando como exemplo o ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) contra os funcionários da organização World Central Kitchen em Gaza, nesta terça-feira, que deixou ao menos sete mortos.
Síria: ‘mais um ataque’ de Israel ao país
O embaixador da Síria na ONU, Koussay Aldahhak, considerou o atentado como uma “agressão bárbara” e “mais um episódio de uma série de ataques israelenses” contra a Síria.
“O prédio do consulado iraniano está localizado em uma área densamente povoada. Está cheio de civis e está a poucos quilômetros de missões diplomáticas estrangeiras e de organizações internacionais, incluindo o [Programa Alimentar Mundial]”, repudiou Aldahhak.
Desde 7 de outubro, data marcada como o início da guerra de Israel contra os palestinos, as forças israelenses lançaram vários mísseis direcionados a posições militares iranianas na Síria e, também, contra os dois principais aeroportos do país: um localizado em Damasco e outro em Aleppo.
No Conselho da ONU, países acusam Israel pelo ataque ao consulado iraniano na Síria
EUA nega envolvimento no ataque e acusa Irã
O enviado dos Estados Unidos, Robert Wood, disse ao Conselho que “os Estados Unidos não tiveram nenhum envolvimento” e que desconheciam a possibilidade do ataque ao consulado iraniano na Síria.
Por outro lado, o representante norte-americano acusou o “Irã e seus parceiros” pela “escalada de tensões na região”, afirmando que os países usam a guerra de Israel em Gaza como uma prerrogativa para travar perseguições contra Israel e “outros atores”.
No encerramento de seu discurso, Wood chegou a condenar o ataque israelense contra os voluntários do World Central Kitchen: “inaceitável”.
Irã prometeu punir Israel
Mais cedo, nesta terça-feira, o aiatolá iranino Ali Khamenei prometeu “punir” Israel pelo ataque que matou ao menos 13 pessoas na embaixada do país persa em Damasco, na Síria.
Entre as vítimas estão sete membros do Exército dos Guardiães da Revolução e seis cidadãos sírios, segundo a mídia estatal do Irã.
Para Teerã, o bombardeio é responsabilidade do “regime sionista” que mirou o edifício consular da sede diplomática.
