O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta terça-feira (03/05) uma resolução que condena ataques e bombardeios a hospitais em zonas de conflito e pede que as partes envolvidas protejam as áreas que tratam doentes e feridos. A votação foi unânime entre os 15 países-membros do Conselho.
Ataques a hospitais têm ocorrido nos últimos meses em países como Síria, Afeganistão, Iêmen, Sudão do Sul e Iraque. Na última semana, um bombardeio a um hospital na cidade síria de Aleppo resultou na morte de pelo menos 50 pessoas, entre pacientes e funcionários. Nesta terça-feira, um míssil deixou ao menos três mortos em uma maternidade no local.
EFE Arquivo
Resolução foi escrita por cinco dos países com assentos temporários no Conselho de Segurança
Presente na votação, a presidente da ONG internacional MSF (Médicos Sem Fronteiras), Joanne Liu, falou em “epidemia de ataques” a centros médicos. Segundo Liu, “hospitais e pacientes foram arrastados para o campo de batalha” e quatro dos cinco membros permanentes do Conselho — EUA, França, Reino Unido e Rússia — “têm, em diferentes graus, se associado em coalizões responsáveis por ataques a estruturas de saúde durante o último ano”.
“A medicina não pode ser uma profissão letal, os pacientes não podem ser massacrados em seus leitos”, disse Liu, que fez um apelo para que a resolução aprovada não se torne uma “retórica vazia”.
NULL
NULL
Liu pediu uma investigação independente sobre o bombardeio liderado pelos EUA, em outubro do ano passado, a um hospital da MSF em Kunduz, no Afeganistão, que matou 42 pessoas. Ela não se citou nominalmente os Estados Unidos. Na semana passada, o Pentágono declarou que o ataque havia sido um “erro” e não um crime de guerra. Os militares apontados como responsáveis irão sofrer penalizações administrativas, mas não criminais.
Em seu discurso, o presidente do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), Peter Maurer, afirmou que um estudo da entidade indicou que ocorreram 2.400 mortes em ataques contra unidades médicas e ambulâncias em 11 países, num período de três anos. “São mais de dois ataques por dia, todos os dias, durante três anos”, disse, após a votação do Conselho.
“Quando os chamados ataques cirúrgicos acabam atingindo alas cirúrgicas, algo está profundamente errado”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “Hoje, quase metade de todas as unidades médicas na Síria estão fechadas ou funcionando parcialmente, milhões de sírios carecem de tratamento de saúde”.
A resolução foi escrita pelas delegações de Egito, Espanha, Japão, Nova Zelândia e Uruguai — cinco países que ocupam assentos temporários no Conselho.