A Corte Suprema de Justiça da Guatemala (CSJ) anunciou neste sábado (08/07) que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) do país está proibido de oficializar o resultado do primeiro turno das eleições. O comunicado do tribunal afirma também que a medida estará vigente pelos próximos dez dias.
A decisão foi surpreendente, já que a definição do primeiro turno eleitoral já estava suspensa desde a semana passada, por determinação da Corte Constitucional, que obrigou o TSE a fazer uma recontagem das urnas após denúncias de fraude apresentadas pelos partidos Unidade Nacional da Esperança (UNE), da empresária de centro-esquerda Sandra Torres; Vamos, do atual presidente Alejandro Giammatei e do seu candidato, Manuel Conde; e Valor, da candidata de extrema direita Zury Ríos Sosa, filha do ex-ditador Efraín Ríos Montt (1981-1983).
Ademais, nesta sexta-feira (07/07), o TSE declarou que a recontagem das urnas solicitada pela Corte Constitucional já foi concluída, mas se negou a entregar os novos resultados oficiais.
A presidente do TSE, Irma Palencia, afirmou que “a diferença entre os dados divulgados inicialmente (no dia 26 de junho) e os obtidos no processo de revisão das urnas é muito baixa”.
A declaração da autoridade eleitoral deu a entender que o cenário do segundo turno eleitoral será o mesmo que foi anunciado naquela ocasião, no qual a empresária Sandra Torres, do partido de centro-esquerda UNE, ficou em primeiro lugar, e enfrentaria no segundo turno o ambientalista social-liberal Bernardo Arévalo, do Movimento Semente, também considerado de centro-esquerda.
Fontes ligadas ao TSE informaram a meios de imprensa locais, sob condição de anonimato, que Torres e Arévalo mantiveram suas votações originais, com 15,9% e 11,8%, respectivamente, e que as demais candidaturas ganharam alguns votos a mais, mas nenhuma alcançou os 10%, o que significaria que os dois representantes progressistas deveriam medir forças no segundo turno, marcado para o dia 20 de agosto.
A esta nova suspensão, portanto, impede a retificação de um segundo turno entre duas candidaturas de esquerda, deixando todos os setores de direita do país fora da disputa.
Prensa Libre
Magistrada Silvia Valdéz, presidente da CSJ da Guatemala, assinou decisão que suspendeu oficialização dos resultados eleitorais
O decreto da CSJ foi assinado pelas magistradas Silvia Valdéz e Dora Nájera, presidente e vice da máxima instância judicial do país centro-americano.
Pressões políticas
Segundo o diário Prensa Libre, o TSE tem recebido diversas críticas de grupos de observadores eleitorais. A principal queixa seria que o organismo estaria cedendo a pressões de grupos políticos que buscam conseguir alguma alteração no resultado do primeiro turno através da recontagem.
A imprensa local também afirma que a maior fonte dessas pressões seria o partido governista Vamos, cujo candidato, Manuel Conde, terminou o primeiro turno em terceiro lugar, com 7,8%. As fontes anônimas que vazaram dados a jornais guatemaltecos indicam que ele teria melhorado sua votação após a revisão, mas que não alcançaria os 10%.
“O TSE tem que estabelecer regras claras sobre o processo e mostrar que é a instituição que tem toda a hegemonia do processo eleitoral, sem se sujeitar a influências externas. Também acho que faltou um pouco de comunicação com a população”, reclamou Ricardo González, integrante do Movimento Cívico Nacional (MCN), uma das entidades que participa do processo como observador eleitoral.
Apesar das críticas, a presidente do TSE, Irma Palencia, assegurou que, enquanto não forem oficializados os resultados, as urnas estarão protegidas por efetivos policiais e militares. “Estamos garantindo a custódia do voto, além de eleições transparentes e eficientes”, frisou.
A titular do principal organismo eleitoral da Guatemala evitou responder perguntas sobre se a lentidão em oficializar o resultado do primeiro turno poderia alterar a data de votação do segundo turno, que por enquanto está marcado para o dia 20 de agosto. Segundo a programação inicial do TSE, a campanha para esta segunda etapa do processo deveria ter começado na última terça-feira (04/07).
Com informações de TeleSur e Prensa Libre.