O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou na noite desta quinta-feira (22/07) que há uma frota marítima norte-americana se preparando para navegar próximo à fronteira da ilha caribenha.
De acordo com o chanceler, o governo cubano teve conhecimento sobre a possível embarcação e pediu que os Estados Unidos tomem “medidas sérias” a fim de “evitar incidentes que não convêm a nenhuma das partes”.
“Tivemos o conhecimento que haverá uma frota naval dos Estados Unidos até a zona próxima à fronteira do terrirório marítimo de Cuba. Advirto o governo dos Estados Unidos que atue com seriedade para evitar incidentes que não convêm a nada”, disse Rodríguez.
Hemos conocido que habrá una flotilla de medios navales desde EEUU hasta la zona próxima a la frontera de territorio marítimo de Cuba.
Advierto al gobierno de EEUU que actúe con seriedad para evitar incidentes que no convienen a nadie. pic.twitter.com/AB4iRrYQ9l
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) July 23, 2021
Segundo o jornal el Nuevo Herald, a frota estaria sendo organizada por um grupo de cubanos que moram em Miami, com programação para que a embarcação saia de Cayo Hueso (Key West, na Flórida), local que fica cerca de 145km de distância da ilha, em direção às águas de Cuba.
O periódico aponta que o comboio seria em apoio aos protestos contrários ao governo cubano, manifestações que Cuba acusa os Estados Unidos de implementarem uma “operação de comunicação em grande escala” para desestabilizar a ilha e reforçarem as mobilizações lideradas por oposicionistas.
Tanto Rodríguez quanto o governo cubano reiteram que os Estados Unidos “persistem” em intervir nos assuntos internos do país com o objetivo de “alterar a ordem constitucional, em violação ao direito internacional e às nossas próprias leis”.
Mais cedo nesta quinta, o chanceler cubano denunciou que o Departamento de Estado norte-americano está exercendo pressões “ofensivas e humilhantes” contra diversas nações da Europa e da América Latina, “obrigando” a adesão dos países em uma campanha contra Cuba.
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‘Advirto o governo dos Estados Unidos que atue com seriedade para evitar incidentes’, disse Bruno Rodríguez
Ainda segundo o ministro, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro estaria apoiando tal pressão para que nações endossem uma declaração condenando supostas “prisões de manifestantes” na ilha caribenha.
Até o momento da publicação desta reportagem, o Itamaraty não retornou ao pedido de resposta realizado por Opera Mundi sobre o tema.
Novas sanções dos EUA são ‘infundadas e caluniosas’, diz Cuba
O governo norte-americano anunciou nesta quinta novas sanções contra Cuba direcionadas à Brigada Especial Nacional do Ministério do Interior cubano e também ao general Álvaro López Miera, que é o atual ministro das Forças Armadas Revolucionárias da ilha. As punições são embasadas na Lei Magitsky, que pune violações de direitos humanos e corrupção por parte de agentes estatais.
Cuba rechaçou as novas sanções Segundo o chanceler Rodríguez, a medida é “infundada e caluniosa”.
“Rechaço as infundadas e caluniosas sanções do governo dos EUA contra o general Álvaro López Miera e a Brigada Especial Nacional. [Os EUA] Deveriam aplicar a si mesmo a Lei Global Magnitsky pelos atos de repressão cotidiana e de brutalidade policial que custaram 1.021 vidas em 2020”, escreveu.
Apesar de muitos analistas apontarem que o presidente Joe Biden poderia voltar a normalizar as relações diplomáticas entre os países, o democrata manteve a linha dura de Donald Trump e, como apontam fontes, deve endurecer ainda mais contra Havana.