Atualizada em 26 de julho às 20h25
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou na tarde desta quinta-feira (22/07) que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro estaria apoiando uma pressão feita pelos Estados Unidos para que países europeus e latino-americanos endossem uma declaração condenando supostas “prisões de manifestantes” na ilha caribenha.
Segundo o chanceler, o Departamento de Estado norte-americano está exercendo pressões “ofensivas e humilhantes” contra diversas nações da Europa e da América Latina, “obrigando” a adesão dos países em uma campanha contra Cuba.
“Denuncio que o Departamento de Estado dos Estados Unidos exerce pressão ofensiva e humilhante contra os países europeus, em particular seis do Leste da Europa e oito da América Latina, para obrigá-los a aderir a uma condenação contra Cuba. Descaradamente, Jair Bolsonaro oferece apoio”, disse.
Quatro dias após a publicação desta matéria, no dia 26 de julho, o Itamaraty respondeu aos questionamentos feitos por Opera Mundi sobre a veracidade da afirmação feita pelo chanceler cubano. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que “o governo brasileiro acompanha com atenção a situação em Cuba”, mas não confirmou nem negou a participação de Bolsonaro na campanha denunciada por Rodríguez.
“O Itamaraty está em contato com outras chancelarias sobre o tema e se soma a diferentes organizações internacionais e nações, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a União Europeia, na defesa do direito fundamental de manifestação livre e pacífica e espera que o governo de Cuba reconheça, proteja e garanta à sua população os direitos de reunião pacífica e de liberdade de expressão”, afirma o comunicado enviado pelo Ministério.
Pelo Twitter, nesta quarta-feira (21/07), Rodríguez publicou a imagem de uma declaração apontando que o documento seria a nota imposta pelo governo dos EUA aos países. A nota em questão afirma que a comunidade internacional “condena” episódios de supostas detenções em Cuba e pede que a ilha “respeite os direitos e liberdades” dos cubanos.
Rodríguez ainda convocou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a “reconhecer ou negar a autenticidade” do documento.
Marcos Corrêa/PR
De acordo com Cuba, Bolsonaria estaria dando apoio aos Estados Unidos na condenação contra a ilha caribenha
Novas sanções dos EUA são ‘infundadas e caluniosas’, diz Cuba
O governo norte-americano anunciou nesta quinta novas sanções contra Cuba direcionadas à Brigada Especial Nacional do Ministério do Interior cubano e também ao general Álvaro López Miera, que é o atual ministro das Forças Armadas Revolucionárias da ilha. As punições são embasadas na Lei Magitsky, que pune violações de direitos humanos e corrupção por parte de agentes estatais.
Cuba rechaçou as novas sanções Segundo o chanceler Rodríguez, a medida é “infundada e caluniosa”.
“Rechaço as infundadas e caluniosas sanções do governo dos EUA contra o general Álvaro López Miera e a Brigada Especial Nacional. [Os EUA] Deveriam aplicar a si mesmo a Lei Global Magnitsky pelos atos de repressão cotidiana e de brutalidade policial que custaram 1.021 vidas em 2020”, escreveu.
Apesar de muitos analistas apontarem que o presidente Joe Biden poderia voltar a normalizar as relações diplomáticas entre os países, o democrata manteve a linha dura de Donald Trump e, como apontam fontes, deve endurecer ainda mais contra Havana.
Por sua vez, o governo cubano acusa os norte-americanos de estarem por trás das manifestações ocorridas nas últimas semanas, onde cidadãos foram às ruas protestar por conta da crise econômica vivida atualmente.