O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirmou em
entrevista neste domingo (16/09) que seu país está disposto ao diálogo com os Estados
Unidos de Donald Trump, contanto que não se condicione a soberania da ilha.
“Não se pode aspirar a um diálogo onde uma parte condiciona
a outra a renunciar à soberania e à independência, disse. “Nós não aceitamos
imposições, quanto mais com os EUA. Se se mantém essa aberrante atitude do
governo dos EUA contra Cuba, não há diálogo”, completou, em entrevista transmitida
pela emissora multiestatal teleSUR –
a primeira que deu a um meio de comunicação desde que assumiu o cargo, em
abril.
Díaz-Canel disse que, desde que se tornou presidente de
Cuba, passou por “meses de muita experiência, e meses também que provocam muita
reflexão”. Seu governo, disse, é uma continuidade dos de Raúl e Fidel Castro, “um
governo do povo, para o povo, que é o mesmo que ser um governo para a Revolução”.
O mandatário diz manter contato constante com Raúl Castro.
Bloqueio
O presidente cubano afirmou considerar que o bloqueio
econômico imposto pelos EUA contra Cuba, há mais de 60 anos, “é o principal
obstáculo para o desenvolvimento do país, a coisa que mais golpeia a vida
cotidiana dos cubanos e cubanas, e também a vida econômica e social”, e o chamou
de “prática brutal”.
“Diria que é um ato de lesa humanidade. Atenta contra um
povo. É um povo condenado a morrer de fome, de necessidades’, disse.
“Não somos uma ameaça para ninguém. O que temos é uma vontade
e uma vocação para justiça social, para construir um país melhor”, afirmou,
apontando o bloqueio como maior impeditivo para tal.
Díaz-Canel repudiou as acusações de agressão contra
diplomatas da embaixada dos EUA em Cuba. “Temos muita ética para atacar a
outros. (…) Cuba não ataca, Cuba defende, Cuba compartilha, é solidária”, afirmou.
Reforma
Constitucional
Ante o bloqueio, disse Díaz-Canel, o governo chegou à
conclusão de que se deve atualizar o modelo econômico e social do país. Para ele,
a reforma constitucional, atualmente em processo, reforça os postulados da Revolução
Cubana.
“É um olhar responsável, um olhar objetivo, é um olhar
realista”, disse. “Chegamos à conclusão de que temos que atualizar nosso modelo
econômico e social nas condições do bloqueio”, afirmou.
Face às críticas de que a nova Constituição implicaria renunciar
ao comunismo, Díaz-Canel afirmou que governo nunca o faria. “Os que estão mais
preocupados se vai ser socialismo ou comunismo não são o povo cubano, mas os
que nos detratam de fora”, disse.
A proposta de nova Constituição também libera o casamento
entre pessoas do mesmo sexo. “Defendo que não haja nenhum tipo de discriminação”,
afirmou Díaz-Canel, que disse que a última palavra “quem dará será o mandato popular
e a soberania do povo”.
(*) Com teleSUR
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