Quem deu a notícia de que a médica cubana Hilda Molina está autorizada a viajar à Argentina – onde estão seus filhos, netos e desde o ano passado, sua mãe – foi a própria presidente, Cristina Kirchner, por meio de uma ligação telefônica feita à sala de imprensa da Casa Rosada, onde estavam reunidos os jornalistas. O desenlace desse caso é resultado de um longo trabalho diplomático que veio se desenvolvendo desde o primeiro momento em que Cristina assumiu a presidência.
Falando da residência dos Olivos, morada dos presidentes argentinos, a presidente se comunicou por telefone com os repórteres. “Quero lhes dar uma ótima notícia”, disse Cristina antes de anunciar que Molina estava na sede diplomática argentina em Havana cuidando do visa. “Vemos com muita satisfação esse gesto da república irmã de Cuba, na pessoa de seu presidente e queremos saudar também aquele que foi presidente durante tanto tempo: o comandante Fidel Castro”, afirmou.
História
Molina é uma médica dissidente, mas que conseguiu integrar o partido Comunista cubano, ser deputada na Assembléia Nacional do Poder Popular, além de ter fundado e conduzido o Centro Internacional de Restauração Neurológica em Havana.
Há 15 anos ela tenta sair de Cuba para poder visitar seu filho, o neurocirurgião Roberto Quiñones, radicado em Buenos Aires e que se dedica à promoção televisiva de aparatos elétricos destinados a reduzir a gordura do corpo.
Assim que Quiñones se instalou na Argentina, a médica cubana buscou sem êxito emigrar e se negou sistematicamente ao retorno de seu filho.
Em dezembro de 2004, sem motivo aparente, o então embaixador argentino Raúl Taleb permitiu que a médica se alojasse na residência diplomática em Havana. Fato que foi interpretado por Cuba como uma forma de provocar a saída de Molina do país.
Não só o suposto plano não deu certo, como provocou um mal-estar entre ambos os governos. A tensão aumentou em 2006, quando o presidente Néstor Kirchner, por iniciativa do cancheler Rafael Bielsa, enviou uma carta a Fidel Castro pedindo que permitisse a saída da médica. Castro recusou a iniciativa, talvez porque funcionários argentinos se apressaram em anunciar a existência da correspondência sem esperar a resposta do governo da ilha.
Quando Cristina assumiu a presidência, em dezembro de 2007, iniciou um lento processo de negociação, que teve como primeira conquista a autorização da viagem da mãe de Molina, Hilda Morejón, em junho de 2008.
Agora chega a hora da médica, que há pouco publicou em seu blog que desacreditava nas intenções do governo argentino de seguir trabalhando pela autorização de sua ida à Argentina.
NULL
NULL
NULL