O governo de Cuba rechaçou nesta última semana uma nova tentativa de desestabilização do Movimento San Isidro no país. Desta vez, a disputa se dá no âmbito da narrativa. O grupo opositor forjou a expressão “Patria y Vida”, em oposição à clássica palavra de ordem cunhada por Fidel Castro “Patria o Muerte”.
A expressão chamou a atenção após rappers cubanos lançarem uma música intitulada “Patria y Vida”, uma canção que foi produzida em Havana e em Miami, nos Estados Unidos.
Pelo Twitter, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, incorporou a expressão utilizada contra o governo e afirmou que “Patria y Vida” é uma das convicções do país, apontando diversas políticas e ações implementadas por Cuba no setor da saúde, educação, segurança social e outros.
“Não vamos deixar que esvaziem o significado [da expressão] aqueles que se aproveitam da dor e das necessidades das pessoas”, disse o mandatário. Em outra postagem, Díaz-Canel reafirmou que a palavra de ordem usada pelos opositores “sempre” foi uma “outra forma de expressar o mesmo sentimento: até nossas vidas pela Pátria”, afirmou.
De acordo com Havana, o Movimento San Isidro deriva de uma articulação de meios “a serviço dos interesses dos EUA” e já tentou praticar “um golpe suave” contra o governo, em novembro de 2020.
#PatriaYVida siempre fue una convicción nuestra, otro modo de expresar el mismo sentimiento: hasta nuestra vida por la Patria. #PatriaOMuerte #Venceremos. Vean este video y lo entenderán mejor #CubaViva pic.twitter.com/3SWpfrha5B
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) March 12, 2021
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‘Não vamos deixar que esvaziem o significado [da expressão] aqueles que traficam na dor das pessoas’, disse Díaz-Canel
Para o presidente Díaz-Canel, a expressão “Patria o Vida”, que o movimento tentou usar contra o governo, pode ser traduzida no desenvolvimento das cinco vacinas que estão sendo produzidas pelo governo cubano contra a covid-19, assim como na garantia de leitos hospitalares, centros de isolamento e outras medidas e tratamentos contra o coronavírus.
“‘Patria Y Vida’ é ter profissionais da saúde de alto nível técnico e alto comprometimento com a vida, sensíveis e solidários, dos quais 4.941 enfrentam a epidemia em 40 países”, disse.
Além disso, o presidente destacou o “Plano de Desenvolvimento Cubano, com saúde pública universal e gratuita” e que “nunca” foi preciso “escolher entre ventilar um idoso ou um jovem” nos leitos do país.
Movimento San Isidro
Essa não é a primeira vez que o governo cubano rechaça ações da organização. Em novembro de 2020, Havana afirmou ter desmontado o que as autoridades do país chamaram de tentativa de “golpe suave”, desalojando de uma casa líderes do Movimento San Isidro que, segundo a liderança da ilha, tentavam desestabilizar o país.
A história começou com uma “manifestação”, liderada pelo movimento, ligado às artes, que exigia do governo cubano a libertação de Denis Solís. Ele foi preso por desacato à autoridade, mas era apresentado pelo grupo como um rapper que havia sofrido censura.
Em um vídeo divulgado à ´época pelo portal Cubadebate, Solís aparece ofendendo e agredindo verbalmente um oficial cubano, dizendo que Donald Trump era seu presidente e pedindo a reeleição do republicano.
Segundo o Granma, membros do movimento começaram a fazer greve de fome na casa localizada no bairro de San Isidro, em Havana Velha, em um suposto protesto contra a prisão de Solís. De acordo com a imprensa cubana, eles continuavam recebendo alimentação durante a suposta greve de fome.
Outras pessoas – num total de 14 – acompanhavam o movimento dentro da residência.
Na liderança do grupo, estariam Willy González, Kiki Naranjo e Jorge Luis Fernández Figueras, que, segundo a imprensa cubana, davam ordens diretamente dos Estados Unidos àqueles que se encontrava na casa. Os três estão sob a mira da Justiça cubana por crimes cometidos na ilha.
Segundo Havana, o Movimento San Isidro é a origem de uma articulação de meios “a serviço dos interesses dos EUA”. “Sob o guarda-chuva da arte, do suposto vínculo de alguns deles com atividades intelectuais e artísticas, o grupo tentou de tudo: manchar a bandeira, danificar o patrimônio, burlar a lei, provocar as autoridades, violar normas e protocolos sanitários, distrair os que se aproximam, ‘fazer explodir a onda’, como escreveram alguns de seus apoiadores”.