Lutar de maneira coordenada para construir uma “ordem internacional multipolar”. Essa é uma das direções apontadas pela Cúpula dos Povos na sua declaração final, publicada nesta terça-feira (18/07), após o evento organizado por movimentos populares, sindicatos e partidos de esquerda de toda a América Latina, Caribe e da Europa em Bruxelas, na Bélgica.
A cúpula paralela aconteceu nos mesmos dias da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, realizada também na capital da Bélgica. A falta de espaço para os movimentos populares na agenda do evento que reúne chefes de Estado foi, inclusive, uma das motivações do encontro.
Um dos elementos de atrito europeus e representantes da América do Sul foi a decisão do Parlamento Europeu aprovar uma resolução que condena as inabilitações de opositores venezuelanos e pede que haja um “processo independente” para a escolha de um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no país.
“Essa decisão do Parlamento Europeu mais uma vez reforça a denúncia que estamos fazendo aqui na Cúpula dos Povos sobre essa postura neocolonial em relação à América Latina e o Caribe. Nós defendemos a autodeterminação dos povos, a soberania nacional e que o povo venezuelano defina seu próprio caminho, sem interferência externa”, diz Rodrigo Suñe, da Assembleia Internacional dos Povos (AIP) e integrante da equipe organizadora da Cúpula dos Povos, ao Brasil de Fato.
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Cerimônia de entrega da declaração conjunta da Cúpula dos Povos no Parlamento Europeu
Outro elemento de discórdia foi a resolução do Parlamento Europeu, que defendeu sanções contra Cuba e o presidente Miguel Díaz-Canel. O mandatário cubano, por sua vez, participou da Cúpula dos Povos, assim como os presidentes da Bolívia (Luis Arce), Colômbia (Gustavo Petro) e a vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez.
A presença de chefes de Estado no evento “reforça a legitimidade da cúpula como um espaço representativo da sociedade latino-americana”, avalia Rodrigo Suñe.
A Cúpula dos Povos foi organizada por uma ampla coalizão de mais de 100 organizações, coletivos, sindicatos, partidos políticos e movimentos da América Latina e da Europa, como ALBA Movimientos, INTAL, AIP, Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade (REDH), Partido da Esquerda Europeia, entre outros.
A declaração final do evento foi entregue nesta terça-feira em evento no Parlamento Europeu. O texto critica as sanções dos Estados Unidos contra Cuba, Venezuela e Nicarágua e também a decisão da União Europeia de “em alguns casos, replicar as sanções estadunidenses”. O texto também destaca a importância da Celac, da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba).