Com mais de 800 participantes de 250 organizações de toda a América Latina e outras nações, será concluída nesta sexta-feira (10/06) a Cúpula dos Povos, em Los Angeles. O evento é realizado paralelamente à Cúpula das Américas, na mesma cidade. Em tese, a reunião continental oficial deveria contar com todos os países do continente, mas, em 2022, foi considerada um fracasso desde o início, segundo lideranças de movimentos sociais, pela ausência de oito nações.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anfitrião da cúpula oficial, se recusou a convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua. Em represália, México, Guatemala, Honduras e Bolívia decidiram não ir. “Não vou à cúpula porque nem todos os países das Américas estão convidados”, disse o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. E o presidente do Uruguai, o direitista Lacalle Pou, não foi à cúpula por ter contraído covid-19.
Na terça-feira (07/06), o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, classificou o evento oficial como produto do descrédito moral da política externa norte-americana e “da crise de seu sistema panamericano hegemônico”. O diretor executivo da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América – Acordo de Comércio dos Povos (Alba-TCP), Sacha Llorenti, afirmou que a 9ª Cúpula das Américas “falhou antes de começar”, por não convidar todos os países da região.
Na Cúpula dos Povos, organizações sociais, sindicais e políticas debateram o que chamaram de três grandes eixos: democracia, soberania popular e internacionalismo. No âmbito do intercâmbio cultural das nações continentais, o evento colocou em pauta os impactos humanitários resultantes da invasão norte-americana nos países latino-americanos e caribenhos.
Twitter/Cúpula dos Povos
Evento colocou em pauta os impactos humanitários resultantes da invasão norte-americana nos países da América Latina e Caribe
Evento multipolar
O evento popular alternativo começou com manifestação sobre migração e direitos humanos para as Américas, no centro de Los Angeles, com a participação de organizações como Answer Coalition, Chirla, Mídia Ninja, Coalizão pelos Direitos Humanos dos imigrantes de Los Angeles, International People Assembly, entre outras.
O evento foi multipolar, não se restringindo a representantes latino-americanos. A doutora Rabab Abdulhadi – diretora sênior em Etnias Árabes e Muçulmanas e Diásporas, e Professora Associada de Estudos Étnicos e Resistência na Universidade de San Francisco (EUA) – participou de painel sobre solidariedade. “Povos lutando por seu direito à autodeterminação, pelo direito à liberdade, justiça, paz e por seus filhos não se importam muito com o que pensam os Estados Unidos, Biden ou essa Cúpula fracassada”, afirmou, sobre a Cúpula das Américas. “Os Estados Unidos não têm como ensinar ninguém no mundo sobre democracia ou direitos humanos.”
Organizadora da Cúpula dos Povos, a ativista norte-americana Claudia De La Cruz afirmou no mesmo painel que os Estados Unidos “são responsáveis por espalhar guerra e miséria”. “Nós devemos tomar a responsabilidade de elevar, promover e defender a vida. Pelo fato de o capitalismo e o imperialismo serem extração, suas propostas têm sido e sempre será a morte”, acrescentou.