A série de manifestações promovidas ao longo dessa semana pelo grupo Damas de Branco – formado por mães e mulheres de presos cubanos – foi respondida por protestos de partidários do governo, que acusam as mulheres de serem patrocinadas pelos Estados Unidos.
Ontem (18), cerca de 350 simpatizantes vaiaram a marcha e não houve registro de violência, segundo a AFP.
Rolando Pujol/Efe (18/03/2010)
Apoiadores do governo cubano gritaram frases como “essa é a rua de Fidel! Cuba sim, ianques não!”
“Nós estamos marchando em protesto porque já passamos sete anos em sofrimento, desde a prisão de 75 oposicionistas pacíficos”, disse Tania Montoya Vázquez, cujo marido foi sentenciado a cinco anos de prisão.
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Na quarta-feira (17), as Damas foram obrigadas a ingressar em um ônibus durante a passeata. De acordo com a agência de notícias cubana Prensa Latina, o governo promoveu a evacuação, contra a vontade das Damas, para evitar confrontos entre elas e manifestantes pró-governo.
Rolando Pujol/Efe (18/03/2010)
Integrantes do grupo Damas de Branco se manifestam em rua de Havana
“Repudiamos [a ação das Damas] porque elas são contra a revolução que vamos defender até o final. As ruas de Cuba pertencem aos revolucionários, não vamos permitir. Deixamos que façam suas marchas, mas temos o direito de não gostar”, disse à AFP Yamilé González, empregada de uma creche que participava de um dos protestos.
“Essa é a rua de Fidel! Cuba sim, ianques não! Pin-pon-fora! Abaixo a gusanera”, gritaram os partidários do governo. Segundo a AFP, a polícia formou um cordão de segurança ao redor das manifestantes.
De acordo com o site Cubadebate.com, ontem o diplomata norte-americano Lowell Dale Lawton, segundo secretário da Sina (Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana), compareceu a uma missa em uma igreja no bairro de Párraga ao lado de integrantes das Damas de Branco, que logo depois iniciaram a marcha por Havana. Lawton se misturou às manifestantes e as acompanhou durante todo o trajeto, que percorreu a Calle 23.
Rolando Pujol/Efe (18/03/2010)
O norte-americano Lowell Dale Lawton caminha próximo à manifestação das Damas de Branco
Na véspera, os diplomatas europeus Volker Pellet, funcionário da embaixada alemã e Frantisek Fleisman, terceiro secretário da embaixada tcheca, também acompanharam uma manifestação das mulheres.
Assista o vídeo do Cubadebate:
O governo cubano não reconhece a existência de presos políticos na ilha e diz que depois da morte de Orlando Zapata, após uma greve de fome de 85 dias, iniciou-se uma “campanha midiática” para converter em “heróis” pessoas que classifica como “mercenários” a serviço dos EUA. O diário Granma criticou Washington por um relatório a respeito da situação dos direitos humanos em 194 países feito pelo Departamento de Estado norte-americano. Segundo Havana, os EUA não podem dizer nada, pois são “o maior violador dos direitos humanos em todo o planeta”.
Mães da Praça de Maio contra as Damas de Branco
Em uma entrevista à Aporrea, em 2005, a presidente da Associação das Mães da Praça de Maio condenou o fato de as Damas de Branco utilizarem o lenço branco – característico do movimento argentino – como símbolo de protesto.
“Nosso lenço branco simboliza a vida, enquanto o dessas mulheres das quais vocês me falam representam a morte. Esta é a diferença mais importante e mais substancial que devemos assinalar. Não vamos aceitar que nos comparem ou utilizem nossos símbolos para pisotear-nos. Estamos em total desacordo com elas”, afirmou.
“Essas mulheres defendem o terrorismo dos Estados Unidos. Defendem o primeiro país terrorista do mundo, o que tem mais sangue nas mãos, o que lança mais bombas, o que invade mais países, o que impõe as sanções econômicas mais duras aos demais. Estamos falando da nação que é responsável pelos crimes de Hiroshima e Nagasaki”, enfatizou. ” Essas mulheres não percebem que a luta das Madres simboliza o amor por nossos filhos desaparecidos, assassinados pelos tiranos impostos pelos EUA.”
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