Os advogados de defesa da vice-presidenta argentina Cristina Kirchner solicitaram a remoção dos juízes designados na Câmara Federal de Cassação Penal. Os magistrados seriam responsáveis pela análise das apelações do caso das obras públicas que levou Cristina à condenação pela Justiça argentina, em dezembro do ano passado.
A defesa de Kirchner alega falta de independência e parcialidade por parte das autoridades judiciais que julgariam o pedido de absolvição à ex-presidenta, condenada a seis anos de prisão e proscrição perpétua.
O caso investigou supostos desvios de verba de obras públicas durante seus dois mandatos. Na publicação dos fundamentos da causa, em março, não há um apontamento direto que comprove o envolvimento da ex-presidenta com o esquema de desvio.
Os juízes em questão são Gustavo Hornos, Mariano Borinsky e Javier Carbajo. Este último já havia anunciado que estaria impedido de intervir neste caso, já que foi um dos juízes que confirmaram a condenação do empresário Lázaro Báez que, por sua vez, teria sido diretamente beneficiado pelo esquema.
Télam
Defesa de Kirchner alega falta de independência e parcialidade por parte das autoridades judiciais
Dessa forma, Javier estaria designado a julgar um processo vinculado a outro que ele já havia participado anteriormente. “Considero que minha intervenção nestas atuações pode pôr em crise a garantia de imparcialidade ao acusado”, disse Carbajo, em sua solicitação de afastamento do caso.
Os advogados de Cristina, Carlos Beraldi e Ary Llernovoy, apesar disso, também incluíram o nome de Carbajo no pedido de recusa. A respeito de Hornos e Borinsky, justificaram o pedido, emitido na última quarta-feira (03/05), ressaltando que os juízes “visitavam a Casa Rosada e a Quinta de Olivos de forma periódica durante a presidência de Mauricio Macri, com quem, diz-se, praticavam atividades sociais”.
Por parte da acusação, os promotores Diego Luciani e Sergio Mola pedem aos juízes que revisem sua decisão de absolver Cristina Kirchner do delito de “associação ilícita” [ela foi condenada por “administração fraudulenta”], agravando sua pena. Luciani ainda pediu, durante as sessões do processo, uma pena de 12 anos contra a ex-presidenta.