Terminou à meia-noite desta sexta-feira (17/02) o prazo para que os deputados franceses analisem o projeto de lei do Executivo sobre a reforma da Previdência. Foram vários dias de debates acalorados no Parlamento, em que os deputados apresentaram 20 mil emendas, a maioria da oposição, para bloquear os planos do Governo.
No início da noite, ainda não era certo que o artigo 7 seria votado. Trata-se do texto que altera a idade mínima legal para a aposentadoria de 62 para 64 anos, uma medida defendida pelo governo centrista, mas que tem forte rejeição na sociedade francesa.
O próprio governo da primeira-ministra Élisabeth Borne apresentou uma emenda, nesta sexta-feira, alterando o cálculo da aposentadoria para mulheres que tiveram filhos antes de 2012. A probabilidade de as mulheres serem prejudicadas pelo artigo é apenas um dos pontos ainda sem consenso.
Há “poucas chances de chegarmos ao fim do texto” nesta sexta-feira, lamentou em entrevista à Franceinfo Franck Riester, ministro das Relações com o Parlamento. “Nem sabemos se vamos conseguir ir até o artigo 7º”, que prevê o adiamento da idade legal da aposentadoria aos 64 anos, completou.
À meia-noite, seja qual for o resultado dos debates na Assembleia, os trabalhos serão interrompidos e o projeto partirá para o Senado. Quando faltava três horas para o prazo final, ainda havia centenas de emendas para serem analisadas.
Franck Riester acusa a esquerda de “bloquear o debate democrático”. Nas últimas horas para o fim do prazo, ainda faltavam cerca de 1,5 mil emendas para serem discutidas antes do artigo 7º. A maioria das emendas foram apresentadas por deputados do partido a França Insubmissa (LFI), já que as outras formações da frente de esquerda Nupes haviam sido retiradas.
Na quinta-feira (16/02), o líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, considerou “incompreensível” a retirada das emendas de esquerda e pediu aos deputados que não “se apressassem”. “Ansioso para ser derrotado?”, perguntou ele, reconhecendo a possibilidade de o governo ganhar a votação.
Os sindicatos franceses organizaram um quinto dia de mobilização nacional na quinta-feira. As manifestações reuniram 1,3 milhão de pessoas, de acordo com a CGT, e 440 mil para o Ministério do Interior. Este é o número mais baixo desde o início da mobilização. A próxima data já está marcada: no dia 7 de março, os sindicatos ameaçam “paralisar” o país se o governo não retirar a reforma. O movimento começa já na véspera (06/03) nas refinarias.
O dia 7 de março marca o início dos debates no Senado sobre o texto do Governo.
Jacques Paquier/Wikimedia Commons
Senado francês, onde projeto desenvolvido por governo de Macron deve ser discutido