A Justiça do Egito absolveu neste sábado (29/11) de todas as acusações restantes o ex-presidente Hosni Mubarak, deposto em 2011 pelo levante da Primavera Árabe após quase 30 anos de poder. Um tribunal egípcio inocentou o político de 86 anos de idade de “incitar, arquitetar e participar da morte de manifestantes pacíficos” durante os protestos populares no país.
O juiz Mahmoud Al Rachid, ao pronunciar a sentença, destacou que o tribunal declarou nula a acusação por não encontrar vínculo entre a atuação do então presidente e a morte dos ativistas, em janeiro de 2011. O tribunal também absolveu o ex-ministro de Interior Habib al Adli e seis de seus assessores mais próximos, também julgados pela morte de manifestantes em janeiro de 2011.
[Antes de ser transportado ao tribunal que o inocentou, ex-presidente Hosni Mubarak acena a apoiadores de seu quarto no hospital militar]
Mubarak também foi absolvido das acusações no caso de corrupção e enriquecimento ilícito pela exportação de petróleo a Israel a preços inferiores aos do mercado de energia. O juiz encarregado do processo entendeu que o caso prescreveu.
Com a absolvição, cresce a possibilidade de que Hosni Mubarak seja posto em liberdade pela primeira vez desde que foi derrubado do poder pela revolução há quase quatro anos. No entanto, o cenário de libertação não seria imediato, pois contra Mubarak pesa uma condenação de três anos de cárcere, pronunciada no mês de maio, em outro caso de corrupção, desta vez relacionado ao orçamento na construção de palácios presidenciais.
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Atualmente, o ex-presidente cumpre a sentença em um hospital militar no Cairo, por conta de seu estado de saúde.
“Sangue em vão”
Nas ruas que circundam o tribunal no Cairo, familiares dos manifestantes mortos em 2011 se agruparam para protestar contra a absolvição. “É um julgamento opressivo. O sangue do meu filho foi desperdiçado”, disse Mostafa Morsi, cujo filho foi morto no levante.
Agência Efe
Grupo de manifestantes faz vigília em frente a tribunal para protestar contra sentença que absolveu Mubarak
“Foi uma tentativa arrogante de fazer o povo egípcio sentir vergonha por ter saído às ruas em 2011”, comenta Marwan Bishara, analista político da rede de TV árabe Al Jazeera.
A Procuradoria-Geral tem a opção de remeter o caso ao Tribunal de Cassação, disse à agência Efe uma fonte judicial. Se isso acontecer, todos os envolvidos permaneceriam detidos; no caso de Mubarak, seguiria novamente ao hospital militar que o abriga.
(*) Com informações da Agência Efe