O número de desempregados nos Estados Unidos é muito maior do que foi inicialmente estimado para o início de fevereiro, confirmou hoje (5) o Departamento do Trabalho. Só na semana passada, 626.000 pessoas requisitaram seguro-desemprego, maior quantidade desde 1982. Analistas tinham previsto que o número superaria ligeiramente os 580.000. Ao todo, 6,5 milhões de norte-americanos vivem do benefício, maior contingente pelo menos nas últimas 26 semanas.
Mas a quantidade ainda vai aumentar, porque a crise de emprego parece não ter fim. Hoje, a rede de lojas de departamentos Macy's anunciou a demissão de 7.000 funcionários. A empresa de cosméticos Estée Lauder pensa em despedir 2.000, ou seja, 6% da força de trabalho. E a GM (General Motors) já disse que vai oferecer aposentadoria antecipada a todos que trabalham como horistas, sem salário fixo.
“Isso é uma tragédia de dimensão nacional que deve ser atacada de todos os lados, por todos nós e sem perder um minuto”, disse o prefeito de Miami, Manny Diaz, à saída de uma reunião com o presidente Barack Obama, junto a outros 12 alcaides das maiores áreas metropolitanas do país. Diaz é presidente da confederação nacional de prefeitos norte-americanos.
Eles disseram que o pacote de recuperação econômica deve ser aprovado o mais depressa possível, pois ajudará a lançar projetos municipais que dariam emprego a 1 milhão de pessoas.
Por ora, está marcada uma votação inicial no Senado para hoje à noite, mas os senadores republicanos ameaçaram barrar a votação se não forem cortados pelo menos US$ 50 bilhões em despesas no pacote de US$ 900 bilhões, já aprovado na Câmara, sem o voto dos republicanos.
Segundo especialistas, a crise do desemprego reflete uma queda profunda nas despesas. Na semana passada, o governo informou que as poupanças dos norte-americanos subiram 2,9% nos últimos três meses do ano.
Medo do futuro
“Eu sei que isso é paradoxal. Mas a verdade é que neste caso as poupanças estão prejudicando a economia. Se vemos os números com atenção, o desemprego se faz sentir muito mais na área dos serviços. Ora, os serviços são a segunda fonte de emprego neste país”, afirmou ao Opera Mundi o economista Jaime Salazar Carrillo.
Mas o pior, segundo ele, é constatar que as pessoas não estão gastando porque têm medo do futuro. “Isso nunca tinha acontecido. Aqui sempre houve confiança na economia e no futuro”.
Por outro lado, seguindo sua política de estar em contato com a população, Obama publicou hoje um artigo no Washington Post, em que fez um chamado aos senadores para que aprovem rapidamente o seu pacote.
“Esta recessão pode durar anos. Nossa economia vai perder mais 5 milhões de empregos. O desemprego chegará aos dois dígitos. Nosso pais vai afundar ainda mais na crise e corremos seriamente o risco de, em determinado momento, não sermos capazes de resolvê-la”, escreveu o presidente.
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