Ao contrário do que estava previsto nos textos adotados após a eclosão da guerra na Ucrânia, parte dos produtos agrícolas ucranianos não transitam para os portos europeus, mas permanecem nos mercados locais dos países vizinhos e chegam por terra a outros países. Esta situação cria tensões. Mais baratos que o trigo ou o milho produzidos na Polônia, Bulgária ou Romênia, os produtos ucranianos os substituem parcialmente.
O excedente de cereais ucranianos em países vizinhos gera uma explosão da oferta num mercado limitado. Em decorrência disso, os preços caem. Seria necessário armazenar as colheitas em silos por mais tempo. “Todo o nosso sistema agrícola está sob pressão e os nossos rendimentos estão diminuindo”, queixam-se os agricultores europeus.
A Comissão Europeia está ciente do problema. De acordo com um porta-voz do bloco, a situação está levando a “excesso de oferta, redução na demanda, aumento dos custos de armazenamento e queda dos preços locais”.
Bruxelas propôs um pacote de ajuda de € 56 milhões para aliviar as tensões. A proposta acaba de ser aprovada pelos estados-membros do bloco. O plano, financiado pelo fundo de reservas da Política Agrícola Comum (PAC), é destinado à Polônia, Romênia e Bulgária. Mas para os países confrontados à queda de preços, a quantia não foi considerada suficiente.
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Excedente de cereais ucranianos em países vizinhos gera explosão da oferta num mercado limitado
Um segundo plano complementar está em fase de elaboração e o seu valor deverá ser ligeiramente superior. A expectativa é maior para Romênia e Bulgária, uma vez que Varsóvia acaba de assinar um acordo bilateral com a Ucrânia que suspende as exportações de certos cereais ucranianos para a Polônia.
Na sexta-feira passada (07/04), agricultores romenos e búlgaros também se manifestaram para reclamar da concorrência que consideram desleal.