A Venezuela é o país com o menor nível de desigualdade social da América Latina, após reduzir a pobreza de 49% para 26,4%, nos dez anos da gestão de Hugo Chávez na presidência, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).
A pesquisa, publicada na semana passada, mostra que a desigualdade caiu de 0,4865, no primeiro trimestre de 1998, para 0,4068, no mesmo período deste ano. Os dados são medidos com base no coeficiente Gini, sistema usado para mensurar a desigualdade, que vai de 0 a 1. Quanto menor o coeficiente, mais igualitária é a distribuição de renda, sendo que o 0 corresponde à perfeita igualdade.
A extrema pobreza também caiu de 21% para 7%, de acordo com o estudo.
“Obrigada, Senhor, porque temos um presidente que tem feito tanto para ajudar os pobres”, diz Carmen Liendo, de 39 anos, ao sair do Mercal, um mercado com preços subsidiados pelo governo, com produtos 40% mais baratos, localizado no bairro de San Agustin, em Caracas. “Aqui, aqueles que têm menos economicamente podem comprar sua comida”. Liendo, mãe de oito filhos, recebe cerca de 640 BF (bolívares fortes) – aproximadamente 297 dólares – por mês da Mision Madres del Barrio (Missão Mães do Bairro), projeto social que ajuda mães de comunidades carentes da Venezuela.
Leia também:
Revolução de Chávez tenta resistir à queda do petróleo
Contestação
Críticos, porém, afirmam que a redução da pobreza na Venezuela coincide com o período do boom do petróleo, com a entrada de 900 bilhões de dólares na Venezuela em dez anos, e que a porcentagem de dinheiro investido no combate à pobreza no país é quase o mesmo aplicado antes de Chávez entrar no poder.
“Eu não questiono sua metodologia, mas o que podemos questionar é a taxa de câmbio que o Instituto Nacional de Estatística utiliza para compor a renda, a taxa oficial, que é pura ficção”, diz Friedrich Welsch, cientista político da Universidade Simon Bolivar, de Caracas. “A maioria da comida que os venezuelanos consomem é importada, portanto não pode ser considerado o dólar oficial e, sim, um mais caro”.
A taxa de câmbio na Venezuela está fixada em 2,15 bolívares de dólar e, devido às restrições impostas pelo governo no acesso a dólares, muitos importadores têm de comprar dólares no mercado negro, que opera em valor cerca de três vezes maior, tornando a comida e outros itens essenciais mais caros.
Welsch disse ainda que, enquanto a renda na Venezuela é alta em comparação com outros países latino-americanos, a escassez crônica de cerca de dois milhões de moradias significa que muitos venezuelanos vivem em casas carentes de necessidades básicas, como água encanada.
Entretanto, Manuel Sutherland, da Associação Latino-Americana de Economia e Política Marxista, acredita que os resultados podem ser atribuídos diretamente às políticas de governo, a exemplo da regulamentação de preços de alimentos básicos e da nacionalização de alguns setores da economia.
“Preços [de alguns produtos] não têm aumentado há cinco anos, apesar de a inflação do último ano ter sido de 30,9%, o que tem significado crescimento no salário das pessoas, que podem comprar mais comida. Assim, Chávez tem reduzido a pobreza”.
NULL
NULL
NULL