A Assembleia Nacional da Venezuela realizou nesta terça-feira (07/01) a primeira sessão ordinária do ano sob a presidência do recém-eleito Luis Parra, chefe da nova junta diretiva do Parlamento venezuelano, que prometeu colocar o país “em primeiro lugar” durante seu mandato.
Com a presença de deputados do Bloque de la Patria, da base governista, e da oposição, a sessão teve início às 10 da manhã, quando Parra tomou posse do cargo e deu seguimento às ordens do dia.
O órgão legislativo tratou de questões como o preço e o abastecimento da gasolina, a recuperação do poder aquisitivo do cidadão venezuelano e, a pauta mais importante, a reinstitucionalização da AN, que está em desacato desde 2016 após três deputados terem sido acusados de fraude eleitoral e se recusarem a repetir o pleito.
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Em discurso, Parra afirmou que a nova junta diretiva pretende apresentar soluções, deixando para trás “o cansaço e a mentira”. “Para salvar o Parlamento devemos colocar a Venezuela em primeiro lugar, as pessoas e suas necessidades. Este não será um Parlamento de confrontação, mas de soluções, deixando claro nosso compromisso de luta e deixando para trás o cansaço e a mentira”, disse.
O novo presidente da AN também fez críticas ao governo do presidente Nicolás Maduro e convidou o mandatário a comparecer no parlamento para dialogar com a Casa. “Esta Assembleia Nacional abriu as portas ao povo para juntos buscarmos soluções”, afirmou.
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‘Para salvar o Parlamento devemos colocar a Venezuela em primeiro lugar’, disse novo presidente
‘Sessão’ de Guaidó
Enquanto a primeira sessão da AN acontecia dentro do prédio do Legislativo, o deputado de direita e autoproclamado presidente da Venezuela Juan Guaidó, acompanhado de deputados apoiadores, caminhava em torno do edifício e alegava que estava sendo impedido por autoridades de entrar na sessão.
Entretanto, minutos após o fim da sessão presidida por Parra, Guaidó e seus apoiadores conseguiram, segundo eles, “furar o bloqueio” e entrar no prédio da AN.
Uma vez no Parlamento, o autoproclamado presidente da Venezuela anunciou que dava início “à primeira sessão da AN” e que “assumia a presidência da Casa”. Rodeado por alguns deputados apoiadores, Guaidó cantou o hino nacional, jurou sob a Constituição e, após discursos de alguns deputados, encerrou a sessão.
Derrotado nas eleições para a presidência da AN no último domingo, Guaidó não pretendia participar da sessão desta terça como parlamentar, mas sim tentar assumir a chefia da junta diretiva. Isso porque na noite do domingo, após ser derrotado no Parlamento, o autoproclamado presidente venezuelano se dirigiu à sede do jornal El Nacional e, ao lado de deputados apoiadores, realizou uma sessão paralela que o “reelegeu” presidente da AN.
Nesta manhã, o deputado Francisco Torrealba, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) disse que Guaidó se nega a aceitar que não é mais presidente da Assembleia, que é “apenas um deputado comum”.
“Guaidó se reuniu em um lugar secreto só com seus amigos e disse que conquistou 100 votos. Na verdade não havia nem 50 deputados habilitados, os demais estavam no exterior ou eram suplentes que votariam duas vezes”, disse o deputado.
Diputado por el Bloque de la Patria, @torrealbaf : Guaidó se niega a aceptar, como muchacho malcriado, que ya no es más presidente de la Asamblea Nacional, que es solo un diputado común y corriente. #DialogoYConvivenciaPolitica pic.twitter.com/OvabEACsFS
— PSUV (@PartidoPSUV) January 7, 2020
Ainda segundo o chavista, “nosso país não merece essa atuação irresponsável da direita. Que se submetam agora à atualidade de um Parlamento real que é presidido pelo deputado Parra”.
“Guaidó se nega, como uma criança mal criada, a aceitar que não é mais presidente, que é apenas um deputado comum, como somos a maioria, e deve ocupar seu acento e pedir a palavra para debater, se é que em algum momento em sua cabeça pairem ideias que tenham valor para a Assembleia Nacional venezuelana”, disse Torrealba.