Na tarde desta quarta-feira (07/12), o Congresso do Peru realizou a cerimônia de posse de Dina Boluarte, que fez história ao se tornar a primeira mulher a assumir como presidente do país.
Aos 60 anos, a advogada Dina Ercilia Boluarte Zegarra herda o cargo que era de Pedro Castillo, após este ser destituído por decisão do Congresso Nacional.
Em seu discurso após receber a faixa, Boluarte enfatizou sua responsabilidade como primeira mulher presidente do país. “Antes de ser política, sou uma cidadã e mãe peruana, que tenho consciência da alta reponsabilidade que a história coloca nos meus ombros”, ressaltou.
Ao comentar os conturbados acontecimentos das horas anteriores, que resultaram na queda de Castillo e na sua posse como presidente, Boluarte disse que “se produziu uma tentativa de golpe de Estado” e que “este Congresso da República tomou uma decisão legítima segundo a nossa constituição.
#CongresoInforma | Sesión del #PlenoDelCongreso para la toma de mando de la vicepresidenta Dina Boluarte como presidenta de la República. https://t.co/257oVSxYAh
— Congreso del Perú ?? (@congresoperu) December 7, 2022
No entanto, ela admitiu que a situação a faz assumir um país em uma grave crise política. A nova mandatária assegurou que seu governo pretende “convocar a mais ampla unidade de todas e todos os peruanos”. “Temos que conversar, dialogar, entrar em acordo, algo tão simples e tão inalcançável nos últimos meses”, acrescentou.
Em seguida, Boluarte solicitou uma “trégua política para instalar um governo de unidade nacional. O que solicito é um prazo, um tempo valioso, para resgatar o país do caos e da ingovernabilidade”.
Presidência do Peru
A presidente do Peru, Dina Boluarte, durante a cerimônia em que tomou posse do cargo, no Congresso
Ao finalizar, a presidente destacou ser “filha do Peru profundo, a última filha de uma família numerosa, que cresceu na precariedade. Me comprometo diante do país em fazer com que os ninguéns, os excluídos, tenham as oportunidades que historicamente lhes foram negadas”.
O impeachment de Castillo
Horas antes, no início da tarde desta quarta, Castillo anunciou a dissolução do Congresso e a instauração de um governo de exceção, uma medida que visava evitar a votação da moção de vacância por parte do Legislativo, a qual poderia ter como resultado a destituição do mandatário.
No entanto, esse objetivo não foi alcançado, já que o Congresso não acatou as medidas de Castillo. A votação da moção de vacância aconteceu minutos depois, e aprovada com 101 votos de 130 possíveis – superando e muito os 87 necessários.
Além do Legislativo, outras instituições tampouco aceitaram a decisão do agora ex-mandatário peruano, incluindo a Junta Nacional Eleitoral, as Forças Armadas e a Polícia Nacional.
A própria Dina Boluarte, quando ainda era vice-presidente, expressou seu rechaço ao que considerou um golpe de Estado por parte de Castillo. Em sua conta de Twitter, ela disse a medida “agrava a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei”.
Rechazo la decisión de Pedro Castillo de perpetrar el quiebre del orden constitucional con el cierre del Congreso. Se trata de un golpe de Estado que agrava la crisis política e institucional que la sociedad peruana tendrá que superar con estricto apego a la ley.
— Dina Boluarte Z. (@DinaErcilia) December 7, 2022
Também durante a tarde, a Polícia Nacional do Peru efetuou a prisão do agora ex-presidente Pedro Castillo. Segundo a imprensa local, ele está sendo mantido sob custódia no edifício da Prefeitura de Lima, capital do país.