Agência Efe
A polícia russa deteve nesta terça-feira Tatiana Titova, diretora do Museu do Poder em São Petersburgo, que ficou famosa no mês passado ao expor um quadro do presidente russo, Vladimir Putin, usando roupa íntima feminina.
“Titova foi detida durante a madrugada após reabrir as portas do museu que tinha sido fechado pelas forças de segurança de São Petersburgo”, afirmou nesta terça-feira à Agência Efe Aleksandr Donskói, fundador do citado museu, que expõe a visão dos dirigentes políticos aos olhos dos artistas russos.
Leia mais
Artista russo procura asilo depois de pintar Putin de lingerie
Donskói explicou que “Titova foi presa imediatamente após começar a pendurar de novo os quadros nas paredes do Museu do Poder”, que foi fechado em 26 de agosto.
Segundo informou a Polícia russa às agências locais, Titova foi liberada, mas detida novamente horas depois e transferida a uma delegacia.
Donskói, ex-prefeito da cidade de Arkhangelsk (norte), denunciou que as forças da ordem da antiga capital imperial também entraram hoje “sem mostrar documentação alguma” no estabelecimento “Ponto G”, uma espécie de museu do sexo de sua propriedade com filial em Moscou.
Durante essa invasão, a polícia confiscou o quadro “Wrestling”, onde Putin e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aparecem despidos e com gigantescos pênis em cores que se assemelham a mísseis balísticos.
NULL
NULL
Donskói lembrou que o pintor russo Konstantin Altunin – autor do controvertido quadro que retrata Putin fantasiado e o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, usando sutiã – fugiu para França, onde solicitou asilo político por se sentir perseguido.
Essa pintura, intitulada “Travestis”, foi expropriada pela polícia junto a outras três obras após a denúncia do deputado Vitali Milonov, do partido governista Rússia Unida, famoso por ter impulsionado a polêmica lei que castiga a propaganda homossexual.
Leia mais:
Sinal da escalada da homofobia, grupo russo cria em rede social “safári” para “caçar” gays
No final de agosto, Altunin escreveu uma carta para Putin desde Paris para exigir que suas pinturas sejam devolvidas e pediu ao chefe do Kremlin que “erradique a censura na arte”.
O pintor também se dirigiu por escrito aos líderes do G20, que se reunirão nesta semana em São Petersburgo. “Espero que possam falar pessoalmente com Putin sobre a censura da arte e pedir que me devolva meus quadros”.
O Museu do Poder abriu suas portas em 15 de agosto no centro de São Petersburgo e iniciou sua incursão no mundo cultural da segunda maior cidade russa com a exposição “Governantes”, de Altunin.