Um grupo de 164 dissidentes cubanos enviou uma carta ao papa Bento XVI para criticar a “lamentável e vergonhosa” postura da hierarquia católica da ilha em sua mediação com o governo de Raúl Castro sobre os presos políticos.
“Alguns dos católicos que assinam esta carta e outros que talvez incorporem suas assinaturas não estão de acordo com a postura da hierarquia eclesiástica cubana em sua intervenção pelos presos políticos, é lamentável e de fato vergonhosa”, diz a carta entregue na Nunciatura Apostólica em Havana, de acordo com o relato da dissidente Marta Beatriz Roque, uma das signatárias, à Agência Efe.
A carta dirigida a Bento XVI critica o processo de diálogo aberto em maio passado entre o governo do presidente cubano, Raúl Castro, e a Igreja Católica da ilha, representada pelo cardeal Jaime Ortega e o presidente da conferência dos bispos cubanos, Dionisio García. Como resultado desse diálogo, que foi apoiado pela Espanha, o regime cubano assumiu o compromisso de libertar 52 presos políticos em quatro meses, todos membros do grupo dos 75 opositores condenados na repressão da Primavera Negra de 2003.
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Os dissidentes que assinam a carta ao papa defendem que a mediação deveria ter ouvido a dissidência interna e o exílio, que há mais de 20 anos, dizem, estão lutando pelo restabelecimento da democracia. Segundo os signatários, as 26 libertações ocorridas até agora constituem a “solução da expatriação”, já que esses presos políticos foram libertados e imediatamente conduzidos a um avião para tirá-los de Cuba rumo à Espanha.
Depois de sete anos “injustamente presos”, esse “êxodo”, dizem os dissidentes, “só beneficia a ditadura”. O Arcebispado de Havana chamou de “ofensivo” o conteúdo dessa carta e disse que despertou “indignação” entre muitos fiéis católicos. Em comunicado, o Arcebispado afirma também que a Igreja Católica sabia que sua mediação perante o governo seria interpretada de diversas formas, mas “permanecer inativa não era uma opção válida para a Igreja por sua missão pastoral”.
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