Os cerca de 200 funcionários do jornal britânico News of the World já foram comunicados da demissão por causa do fechamento da publicação. Eles vão receber o pagamento referente a três meses de salário para evitar problemas trabalhistas. Para aumentar ainda mais o escândalo, o ex-editor do jornal na época deverá ser preso ainda nesta sexta-feira (08/07).
A secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas do Reino Unido, Michelle Stanistreet, disse que a decisão “é ultrajante e ilustra bem o tipo de consideração que o império de [Rupert] Murdoch [megaempresário australiano do ramo de comunicações no Reino Unido] tem pelos empregados leais”. Alguns desses profissionais ainda podem ser reaproveitados dentro de outras empresas do grupo.
Leia mais:
Tablóide inglês acusado de escutas ilegais é fechado
Huffington Post, comprado pela AOL, planeja expandir-se no Brasil
É jornalismo, internauta!
New York Times deixará de ser impresso “algum dia”, admite executivo do jornal
Os subeditores do jornal The Sun, que também pertence ao conglomerado de Murdoch, protestaram em solidariedade aos colegas demitidos. O News of the World está em circulação há mais de 150 anos e terá a última edição publicada no próximo domingo. O jornal, fechado devido às denúncias de uso de grampos telefônicos, não terá anúncios na impressão final e a renda das vendas será doada para a caridade.
Atrás das grades
O editor do News of the World no período de 2003 a 2007, Andy Coulson, foi convocado a se apresentar a uma delegacia no centro de Londres nesta sexta-feira. Ele será questionado por suspeita de envolvimento direto no grampeamento dos telefones.
O jornalista deverá ser preso e liberado sob pagamento de fiança. Coulson foi diretor de comunicação no governo do primeiro ministro britânico David Cameron e renunciou no começo do ano por causa das mesmas denúncias.
Repercussão
O fechamento do jornal mais popular do Reino Unido foi considerado pela mídia local como uma atitude drástica. Mas a reação não foi totalmente inesperada, por se tratar de uma propriedade do polêmico magnata Murdoch. Durante toda a semana, especulava-se sobre a possibilidade de o milionário demitir a ex-editora do News of the World e atual chefe da News International, Rebekah Brooks. A demissão chegou a ser sugerida pelo líder do Partido Trabalhista no parlamento britânico, Ed Miliband.
Rebekah, que alega não ter conhecimento do esquema de grampos realizados enquanto era editora do jornal, é conhecida por ter uma relação muito próxima com Murdoch, como se fosse uma filha. Mas os jornais ingleses afirmavam que o empresário tomaria qualquer medida para salvar os negócios.
A executiva se manteve no cargo. Horas antes do anúncio de que o News of the World seria tirado de circulação, analistas de mídia e de negócios previam consequências graves para outros produtos da News Corporation, como os diários New York Post, The Times, The Wall Street Journal e o grupo televisivo FOX.
A credibilidade abalada poderia se alastrar no meio e afastar anunciantes dos outros veículos. A decisão de fechar o jornal pode ter evitado esse efeito por enquanto, mas não chegou a conter a revolta da opinião pública sobre o escândalo. As vítimas dos grampos cobram que os casos sejam investigados até o fim, para que os culpados sejam punidos. E Milliband lembrou que o simples fechamento do periódico não resolverá o problema.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL