Diversos parlamentares e lideranças da esquerda brasileira condenaram nesta quarta-feira (26/02) o apoio do presidente Jair Bolsonaro a um ato chamado por grupos de extrema direita que pede o fechamento do Congresso Nacional. Pelo Twitter, o ex-presidente Lula disse que é urgente que a sociedade defenda a democracia.
“É urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia”, afirmou.
Segundo a jornalista Vera Magalhães, Bolsonaro disparou de seu telefone pessoal uma mensagem acompanhada de um vídeo convocando para uma manifestação que acontecerá no dia 15 de março em apoio ao governo e pelo fechamento do Congresso.
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Para Lula, “Bolsonaro nunca combinou com democracia. É um falso patriota que entrega nossa soberania aos EUA e condena o povo à pobreza. Um falso moralista que acoberta o Queiroz e outros corruptos e criminosos”.
O ex-presidente também afirmou que o presidente, provocando manifestações contra a democracia, comete “mais um ato autoritário de quem agride a liberdade e os direitos”.
A ex-presidente Dilma Rousseff também rechaçou o posicionamento de Bolsonaro e disse que o governo atenta “descaradamente contra a constituição e a democracia”,
“Torna-se urgente e necessária forte resposta das instituições ou o País mergulhará, mais uma vez, na escuridão das ditaduras”, disse Dilma.
Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, disse que, “se confirmada” a divulgação da convocação para o ato contra o Congresso feita pelo presidente, Bolsonaro “não está à altura do cargo”. “[A atitude de Bolsonaro revela] a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!”, disse o ministro em mensagem ao jornal Folha de São Paulo.
O ex-candidato à presidência da República em 2018 pelo PT, ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que “Bolsonaro, ao que tudo indica, cometeu crime de responsabilidade previsto na Constituição que jurou respeitar mas, certamente, nunca leu”.
Para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ação de Bolsonaro é “muito grave” e representa “uma escalada”. “Se coloca como patriota, justo e incorruptível. Explique Bolsonaro o beijo na bandeira americana, o sofrimento do povo com renda baixa e Queiroz com as milícias que lhe acompanham”, questionou.
Instituto Lula
"É urgente que a sociedade se posicione diante de mais esse ataque para defender a democracia", disse Lula
O deputado federal pelo Psol Marcelo Freixo disse que é um dever de todos defender a democracia. “A denúncia da jornalista Vera Magalhães é muito grave e precisa ser apurada. Congresso, Judiciário e o povo devem se unir contra ameaças autoritárias”, disse.
Erika Kokay, deputada federal pelo PT, falou em crime de responsabilidade e disse que “não podemos conviver com esse nível de ataque e não reagir à altura”. “O último regime que propôs fechar o Congresso mergulhou o Brasil em 21 anos de escuridão. Tortura, mortes, corrupção, violência de Estado, crimes contra a humanidade. Bolsonaro quer um golpe e nova ditadura? Saiba que encontrará luta e resistência em defesa da democracia!”, escreveu a parlamentar no Twitter.
A deputada federal pelo PCdoB Jandira Feghali disse que “a palavra de ordem agora precisa ser Brasil unido contra o fascismo” e convocou “oposição, centro, forças políticas independentes, instituições diversas, sociedade organizada ou não; todos que apoiam a democracia e a Constituição”.
“Passou da hora que as forças democráticas se unam na rua contra o fascismo em ascensão no país. Esse chamamento já era palavra de ordem de nós, comunistas, mas deve ser todos e todas, em uníssono! Não dá pra encarar mais essa atitude do presidente como algo menor ou isolado”, disse a deputada.
Direita e centro também se posicionam
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também condenou a ação de Bolsonaro e disse que “calar seria concordar”. “A ser verdade, como parece, que o próprio presidente tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, escreveu FHC em sua conta no Twitter.
Por sua vez, a página oficial do PSDB, partido de Fernando Henrique, disse que “em todos os momentos de ameaça de ruptura às instituições, não importa de quem venha, o PSDB está no mesmo lugar: na defesa intransigente da democracia. É o que fazemos nesse momento”.
Ciro Gomes, ex-candidato à presidência nas últimas eleições pelo PDT, disse que, após a atitude de Bolsonaro, “não resta dúvida de que todos aqueles que prezam pela democracia devem reagir”.
“É criminoso excitar a população com mentiras contra as instituições democráticas e sem causa nenhuma, a não ser sua agenda anti-pobre, anti-produção e entreguista de nossas riquezas aos estrangeiros”, disse o pedetista.
Ex-candidata à presidência da República em 2018, Marina Silva classificou a ação de Bolsonaro como “nitidamente golpista” e disse que o “momento é gravíssimo”.
“Ao divulgar pelo seu WhatsApp uma convocação nitidamente golpista, Bolsonaro não só assina embaixo como assume este que parece ser o seu sonho, reiterado de inúmeras formas e em muitos episódios: dar o seu próprio golpe, ter a sua própria ditadura, reescrever o malfadado AI-5”, escreveu Marina no Twitter.
A ex-ministra do Meio Ambiente também disse que o momento “exige posições e medidas claras do Congresso e do STF em defesa da democracia. Que todos os democratas se posicionem e se aliem, e que os generais tenham mais juízo que o capitão, respeitando as instituições democráticas e a nossa Constituição”.