O filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ameaçou, nesta quinta-feira (31/10), com a possível edição de um “novo AI-5” no caso de a “esquerda se radicalizar” – o que, para ele, significa dizer que “tudo é culpa do Bolsonaro”. A declaração foi dada em entrevista à jornalista Leda Nagle, que mantém um canal no YouTube.
“Tudo é culpa do Bolsonaro, percebeu? Fogo na Amazônia, que sempre ocorre nessa estação, culpa do Bolsonaro. Óleo no Nordeste, culpa do Bolsonaro. Daqui a pouco vai passar esse óleo, tudo vai ficar limpo e aí vai vir uma outra coisa, qualquer coisa e será culpa do Bolsonaro”, disse.
“Se a esquerda radicalizar esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, prosseguiu Eduardo, que, recentemente, não conseguiu no Senado os votos para ser aprovado como embaixador em Washington – e “desistiu” da indicação.
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Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Eduardo Bolsonaro ameaçou edição de "novo AI-5"
“O que faz um país forte não é um Estado forte. São indivíduos fortes. A conjectura não tem que ser futura, ela tem que ser presente. Quem é o presidente dos Estados Unidos agora? É o Trump. Ele se dá bem com o Bolsonaro? Se dá muito bem. Então vamos aproveitar isso aí”, respondeu.
No começo desta semana, Eduardo já havia afirmado que, se um movimento popular semelhante ao que acontece no Chile chegar ao Brasil, “a gente vai ver a história se repetir” – em referência à ditadura militar. “Não vamos deixar isso vir pra cá. Se vier pra cá vai ter que se ver com a polícia e se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir, e aí é que eu quero ver como é que a banda vai tocar”, afirmou.
O AI-5 (Ato Institucional número 5), editado em 1968, foi o que aprofundou a repressão da ditadura iniciada quatro anos antes. Direitos como habeas corpus foram suprimidos, parlamentares tiveram mandatos cassados (além de fechar o Congresso) e abriu-se a possibilidade de intervenção em Estados e municípios.