O terceiro dia do novo governo egípcio foi marcado por greves e
protestos, num momento em que os militares tentam organizar o retorno à
normalidade depois de quase três semanas de manifestações.
Nesta
segunda-feira (14/02), os egípcios voltaram à Praça Tahrir, no Cairo,
local, que centralizou as manifestações contra Hosni Mubarak.
Com a renúncia de Mubarak, anunciada na última sexta-feira, os novos
protestos passaram a incluir reivindicações trabalhistas. Cerca de dois
mil empregados de empresas públicas e privadas, entre policiais,
bancários, funcionários do turismo e do transporte, saíram às ruas para
exigir melhores condições de trabalho.
O Conselho Supremo Militar do Egito está no poder desde a saída de
Mubarak e pretende governar por seis meses ou até que as eleições
presidenciais e parlamentares aconteçam. Na manhã de hoje, pediu por
meio de um comunicado à TV que os trabalhadores egípcios ajudem a
recuperar a economia do país, evitando paralisações.
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Um porta-voz militar disse que “as greves, neste momento delicado,
levam a resultados negativos” e pediu para que os “cidadãos e
sindicatos desempenhem suas obrigações”. Segundo o governo, o Egito
perdeu mais de 6 bilhões de dólares durante os 18 dias de protestos.
A maioria dos manifestantes tinha deixado a praça no domingo, quando o
Conselho Militar anunciou a dissolução do Parlamento e a suspensão da
Constituição. Alguns deles – cerca de 40 – permaneciam concentrados
ali, mas foram obrigados a deixar o local na manhã de hoje por ordem do
Exército, sob ameaça de prisão.
Horas depois, um grupo de cerca de duas mil pessoas chegou à praça,
bloqueando o trânsito e exigindo a saída de outros integrantes do
governo que eram ligados a Mubarak.Entre as categorias que estão em greve estão também os ferroviários,
funcionários dos correios e os bancários do Banco Nacional do Egito.
Eles exigem a demissão do diretor-geral da instituição, Tarek Amer,
acusado de ser aliado de Mubarak. Centenas de pessoas bloquearam a
entrada do prédio, impedindo Amer e outros dois assistentes de entrar
no prédio. Eles alegaram que o ex-presidente colocou aliados em cargos
de poder no banco com altos salários.
Um militar negociou a saída do empresário em um carro que havia sido
cercado pelos manifestantes. Amer prometeu que renunciaria ao seu
cargo, segundo a mídia estatal.
Houve também protestos de bancários dos estatais Banco de Alexandria e
Banco do Egito pelos mesmos motivos. Esses atos obrigaram o governo a
anunciar o fechamento dos bancos até esta quarta-feira.
A polícia egípcia também pede melhores salários, benefícios, redução na
jornada de trabalho e maior respeito à instituição. Segundo eles, um
oficial da polícia ganha cerca de 85 dólares por mês e trabalha entre
12 a 15 horas por dia. Os policiais revelaram ter sofrido ameaças de
prisão caso se recusassem a trabalhar fora do horário. Além disso,
também reclamaram não ter vale-transporte.
Perto da praça, policiais fizeram um protesto após uma passeata. Alguns
deles carregavam fotos de colegas que supostamente perderam a vida nos
confrontos com manifestantes. Nesses protestos, dezenas de pessoas
morreram e mais de 1.500 ficaram feridas. Um cartaz carregava a frase:
“Estas também são vítimas do regime”. Eles foram vaiados pelas pessoas,
que exigiram que se retirassem do local.
Ao fim, os militares fizeram um cordão de isolamento para separar os dois lados.
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