Em comunicado lido em cadeia nacional de TV, o exército egípcio anunciou para esta quarta-feira (02/02) a redução em três horas do toque de recolher, decretado na sexta-feira (28/01) após a escalada de protestos contra o presidente, Hosni Mubarak. A medida passará a estar em vigor de 17h às 7h. Antes, ia de 15h às 8h. No entanto, mesmo reconhecendo a legitimidade dos protestos e garantindo a realização pacífica, sem repressão, as forças armadas pediram que o país retorne à normalidade.
“É possível que vivamos uma vida normal, é possível para os netos dos faraós e os construtores das pirâmides superar as dificuldades e conquistar segurança”, disse o porta-voz do exército egípcio. “Sua mensagem chegou, suas demandas foram conhecidas, vocês são capazes de trazer a vida normal ao Egito. As forças armadas continuarão protegendo o Egito seja qual for o desafio, acrescentou, antes de concluir: “Viva Egito livre, forte e seguro”.
O exército, diferentemente da polícia e das forças antidistúrbios, tem a confiança da maioria dos egípcios, que vê nos oficiais uma força menos violenta e menos submissa a Mubarak. Na sexta-feira, após as forças armadas terem sido mobilizadas para controlar os protestos, imagens mostraram manifestantes celebrando a chegada dos militares.
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Resistência
Nesta terça-feira (01/02) Mubarak tentou acalmar os manifestantes ao anunciar, em tom conciliador, que não iria concorrer a mais um mandato nas eleições de setembro deste ano. Transmitido em rede nacional e reproduzido em um telão na Praça Tahrir, centro dos protestos no Cairo, o discurso de Mubarak foi recebido com indignação pelos manifestantes, que pedem a sua saída imediata do poder.
Tanto que, para sexta-feira, está previsto um protesto derradeiro – chamado de “Sexta-feira da Despedida” -, segundo os manifestantes. Ontem, dia da “Marcha do Milhão”, mais de um milhão de pessoas se reuniu na praça.
O Movimento 6 de Abril, grupo de jovens ativistas pró-democracia, disse que o discurso de Mubarak não foi suficiente. 'Nós continuaremos nossos protestos na praça Tahrir e por todo país até que as demandas do povo sejam atendidas', disse em comunicado. “As pessoas querem o fim do regime”, completou.
O grupo Irmandade Muçulmana também insistiu nesta quarta-feira em pedir a renúncia de Mubarak e avaliou que chega tarde o anúncio de que não buscará sua reeleição no pleito de setembro. “Está claro que o presidente Mubarak ignora os pedidos do povo e da Irmandade com as outras forças opositoras”, assegurou Gamal Nasser, um porta-voz do grupo opositor.
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