Neste domingo (20/6), cerca de 30 milhões de pessoas vão escolher o presidente da Polônia, sucessor de Lech Kaczynski, morto em um acidente aéreo no mês de abril. Essas eleições também são importantes para a consolidação de um modelo econômico do país que é membro da União Europeia, mas ainda não aderiu à moeda comum, o euro.
De um lado está Bronislaw Komorowski, do partido centro-direita Plataforma Cívica, que lidera algumas pesquisas de intenção de votos. Do outro, o irmão gêmeo do presidente morto, o liberal Jaroslaw Kaczynski.
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Clima de incerteza às vésperas das eleições na Polônia
Komorowski e Kaczynski têm pontos de vistas antagônicos sobre a economia do país, que teve um dos melhores desempenhos do continente europeu durante a crise econômica iniciada em 2008. O resultado das eleições deve, portanto, definir que rumos a Polônia deve seguir para uma série de temas.
A vitória do liberal Komorowski é a aposta do mercado financeiro, que espera do candidato vitorioso uma maior flexibilização do mercado de trabalho e a redução de impostos.
Kaczynski, que já foi primeiro-ministro e é conhecido pelo seu nacionalismo, por sua vez, é mais cético em relação à União Europeia e à adoção do euro, dizendo que ainda é muito cedo para desistir do zloty.
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Zloty, a moeda da Polônia
A Polônia foi o único país dos 27 membros da União Europeia que em 2009 registrou taxas de crescimento positivas. Os resultados da economia polonesa são tão surpreendentes que muitos analistas definem o país como o “novo tigre europeu”, em referência ao sucesso dos tigres asiáticos dos anos 1990, ou a “ilha verde do crescimento no mar vermelho da recessão”.
No ano passado, o PIB polonês cresceu 1,2%, fazendo com que o país assumisse a 18ª posição entre as economias do mundo (sexta da União Europeia). A Polônia também ganhou pontos na cl assificação dos países mais atrativos ao investimento estrangeiro, perdendo apenas para China, Estados Unidos, Índia, Brasil e Alemanha. O PIB per capita cresceu de 50% para 56% da média europeia e o poder de compra aumentou, refletindo a ligeira desvalorização da moeda nacional.
Segundo especialistas financeiros, estes resultados se devem em parte à grande importância do mercado interno, que permitiu aos bancos evitar a política de empréstimos e depender menos das exportações (39% do PIB). Com 38 milhões de habitantes, a Polônia é um verdadeiro gigante da Europa Central. A indústria e a solidez de pequenas e médias empresas evitaram o endividamento.
O desemprego continua elevado (11,9%), mas diminuiu ligeiramente nos últimos meses. Diferentemente do que aconteceu na Europa, os empreendedores poloneses não registraram relevantes demissões.
O sucesso polonês, na opinião do ministro da Fazenda, Jacek Rostowski, no enta nto, não está ligado apenas à desvalorização da moeda. Segundo ele, países como a Suíça e a República Tcheca, que também amorteceram os impactos da crise com a taxa de câmbio, não obtiveram os mesmos resultados da Polônia. Rostowski também considera pouco relevante a citada importância do mercado interno.
De acordo com Rostowski, o êxito polonês “está determinado por três grupos de fatores: sociais, institucionais e econômicos”. A flexibilidades dos empreendedores poloneses e a calma manifestada pelos consumidores teriam sido particularmente importantes. “Nossa resposta se baseia na confiança dos princípios do livre mercado. Em alguns casos decidimos intervir e em outros, não”, conclui.
O governo polonês não realizou nenhuma operação de estímulo ou de resgate no início da crise. “Acreditávamos que os empreendedores seriam capazes de superar a crise sem necessidade de intervenção”, declarou Rostowski em entrevista à tel evisão local.
Segundo Rostowski, as difíceis medidas de austeridade assumidas pelo governo foram apoiadas pela população. “Nem mesmo o aumento da idade para a aposentadoria provocou protestos. A população entende o momento e todos são conscientes da importância desta política para reduzir os gastos do Estado.”
A estudante Izabela Balcer tem uma explicação semelhantes para a situação da Polônia. E busca na história do país seus argumentos: “Quase todos passaram fome alguma vez na vida ou viveram momentos muito mais difíceis. O povo polonês é corajoso e este espírito é nossa principal força”.
Depois de ter alcançado uma série de resultados positivos, a Polônia se vê diante de novos desafios. A adoção do euro foi adiada para 2015, permitindo que a valorização ou desvalorização do zloty também possam ser utilizadas como política econômica por mais alguns anos.
Recentemente, a União Europeia pediu q ue o país reduzisse a dívida pública. O assunto passou a ser prioridade do governo de Varsóvia. A Copa da Europa de 2012, que será realizada na Polônia e na Ucrânia, são outra oportunidade para que o país amplie sua infraestrutura. Bruxelas, por exemplo, destinou 67,5 bilhões de euros para os jogos.
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