As eleições realizadas no último domingo (23/08) na província de Tucumán, a sexta maior da Argentina, geraram controvérsias no país sul-americano. Isso porque o pleito, questionado pela oposição, contou com mais de 40 urnas queimadas, denúncias de fraude e, principalmente, porque os protestos, pedindo a realização de novas eleições e transmitidos ao vivo para todo o país, foram reprimidos pela polícia local, deixando 10 pessoas feridas.
Na Argentina, em que a memória da ditadura militar é presente, a repressão policial a manifestações públicas é muito mal recebida por todos os setores e é uma marca dos governos Kirchner não repreender com violência nenhum ato desse tipo. Dessa forma, até mesmo o governador da província, o kirchnerista José Alperovich, há 12 anos no poder, se eximiu da culpa ao negar ter ordenado o ato. O governo da presidente Cristina Kirchner, bem como os candidatos à presidência do país também criticaram o uso da força contra os manifestantes.
Leia também: 'Doze anos de kirchnerismo mudaram ambiente ideológico no país', diz analista argentino
Agência Efe
Imagens foram transmitidas para todo o país e gerou comoção nacional
“Sou totalmente contra a repressão”, ressaltou nesta terça (25/08) Alperovich. Ele afirmou que embora “a maior parte das pessoas tenha se expressado em paz”, um grupo tentou invadir “a Casa do governo”, arremessou pedras e inclusive se aproximou do edifício. Ainda assim, conclui, os “excessos” policiais não têm explicação.
Na mesma linha, o candidato kirchnerista à presidência, Daniel Scioli, disse repudiar a “brutal agressão” e esperar que a “polícia castigue os responsáveis”.
Já o presidenciável pelo direitista PRO (Proposta Republicana), Mauricio Macri, disse que “uma eleição nunca pode ser normal quando há fatos tão irregulares como ocupar escolas, agredir militares e queimar urnas, pois a sensação é que não houve eleição”.
NULL
NULL
Os argentinos irão às urnas em 25 de outubro para escolher o sucessor de Cristina Kirchner na presidência. Assim, as eleições provinciais, bem como as PASO (Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias), são consideradas um termômetro da preferência do eleitorado pelas forças em disputa.
Jornada eleitoral
Durante a votação de domingo na qual competiam o candidato do governista Frente para a Vitória, Juan Manzur, e do opositor Acordo para o Bicentenário, José Cano, foram registradas diversas irregularidades, entre elas a queima de 42 urnas, compra de votos, entre outras.
Agência Efe
Alguns analistas consideram que fato pode ter efeito negativo na campanha de Scioli
Para o presidente da Junta Eleitoral de Tucumán, Antonio Gandur, rechaçou a possibilidade de anular as eleições provinciais e disse que até o momento não há nenhum elemento que signifique “fraude” e que por essa razão é impossível pesar em anular as eleições.
Sobre as urnas queimadas, afirmou que não passam de 1% e que não significam mudança substancial no resultado.
Com 81,5% das urnas apuradas, Manzur tem 54,4% dos votos e Cano, 40%. A contagem das urnas faltantes será retomada ainda hoje.