O Mapa da Violência política de Opera Mundi registrou, entre 1º e 26 de outubro, que homens foram responsáveis por 90% dos casos de agressão registrados pelo país. Em 39 casos, os agressores do sexo masculino agiram sozinhos e, em outros 21 episódios, em grupo. Em relação aos ataques em que o gênero não foi identificado, violências cometidas em grupo totalizam 42, enquanto relatos com apenas uma pessoa somam 10 casos.
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Além disso, há um total de dois grupos de agressores com homens e mulheres. No caso de crimes cometidos somente por mulheres, só há um caso. O estudo também constatou 16 pichações de ódio, com suásticas e frases racistas e homofóbicas, cujos autores não foram identificados. O mapa contabiliza, até agora, 136 casos de agressões e intolerância.
O levantamento do mapa reúne casos com motivação política divulgados na imprensa regional e nacional. A tabulação e análise dos dados foi feita pelas geógrafas Ana Lígia Guerra e Janete Melo e pelos jornalistas Alceu Luís Castilho, Haroldo Ceravolo Sereza e Lucas Berti. Os números apresentados nesta reportagem compreendem casos registrados até 26 de outubro.
Agressor único
Um dos 39 casos em que o agressor, homem, agiu sozinho, foi o assassinato do capoeirista conhecido como “Moa do Katende”, no dia 08 de outubro. Aos 63 anos, a vítima foi esfaqueada 12 vezes na região de Engenheiro Velho de Brotas, em Salvador, após manifestar apoio ao Partido dos Trabalhadores. O agressor, de 26 anos é eleitor de Jair Bolsonaro e teve prisão preventiva decretada.
No mesmo dia, foi relatado o único caso em que uma agressora agiu sozinha. Em Natal, uma médica rasgou a receita que tinha acabado de passar a um paciente idoso, de 72 anos, após a vítima dizer que havia votado no candidato do PT, Fernando Haddad.
Ataques em bando
Os relatos em que homens agiram em grupo totalizam 21. Um dos mais preocupantes aconteceu com uma jornalista do Commercio de Pernambuco, agredida e ameaçada de estupro no dia 07 de outubro. Os agressores agiram enquanto a vítima saía do local de votação, no bairro de Campo Grande, na zona norte do Recife. Um dos homens vestia uma camiseta com o rosto de Jair Bolsonaro.
Agressores com gêneros não identificados também foram identificados no Mapa. Três dias depois do ataque a jornalista, a travesti Julyanna Barbosa, ex-integrante do grupo Furacão 2000, foi atacada com barras de ferro por apoiadores de Bolsonaro, no centro de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. A cantora foi ferida na cabeça e nos ombros, além de ter recebido socos em outras partes do corpo.
Pichações
Em todo o país, diversos dizeres de ódio foram encontrados, principalmente em ambientes estudantis como universidades e escolas. Entre as 16 pichações dispostas no Mapa, destaca-se uma sequência de palavras encontrada na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, no dia 17 de outubro.
Um dos banheiros da reitoria foi pichado com as palavras “morte aos gays”, “morte aos viados”, “morte a todos LGBT”, além de suásticas, em apologia ao nazismo. A maioria dos casos veio à tona por conta de postagens nas redes sociais.
Reprodução
Homens foram principais responsáveis por agressões entre 1º e 26 de outubro
Em parceria com o Observatório do Autoritarismo e