O líder cubano Fidel Castro escreveu uma carta nesta sexta-feira (11/12) ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em que elogiou a postura do colega após o reconhecimento da derrota do chavismo no último domingo (06/12), classificando seu discurso de “brilhante” e “valente”.
No documento, o ex-presidente cubano também recordou a importância de algumas das principais lideranças políticas venezuelanas, como Simón Bolívar (1783-1830) e Hugo Chávez (1954-2013).
EFE/Arquivo
Última visita conhecida de Maduro a Fidel em Havana conteceu no fim de janeiro de 2014
“Na história do mundo, o mais alto nível de glória política que poderia alcançar um revolucionário correspondeu ao ilustre combatente venezuelano e Libertador da América Simón Bolívar”, afirma Fidel. “Outro oficial venezuelano de pura estirpe, Hugo Chávez, o compreendeu, admirou e lutou por suas ideias até o último minuto da sua vida”, acrescentou.
Ao longo da carta, Fidel elogiou o sistema de escolas públicas da Venezuela, bem como sua rede de assistência médica. Ele também criticou os Estados Unidos, afirmando que o país vizinho “sempre sonhou em se apoderar de Cuba para convertê-la em um híbrido de cassino com prostíbulo”.
O líder cubano sublinhou que a “humanidade prossegue seu caminho de exploração e de saque de recursos”, destacando que “a segurança não existe hoje para ninguém”. Ao final, ele pediu um “desenvolvimento pacífico”” na Venezuela, América Latina, Ásia e África.
A carta de Fidel vem poucos dias após seu irmão e atual presidente da ilha, Raúl Castro, enviar uma mensagem semelhante a Nicolás Maduro. Na segunda (07/12), Raúl expressou apoio à “extraordinária batalha” travada pelo chavismo no pleito.
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“Acompanhei, minuto a minuto, a extraordinária batalha travada por vocês e escutei com admiração suas palavras. Estou certo de que virão novas vitórias da Revolução Bolivariana e Chavista sob sua direção. Estaremos sempre junto a vocês”, declarou Raúl a Maduro.
Eleições venezuelanas
No último domingo (06/12), o chavismo sofreu revés histórico nas urnas. A partir de 5 de janeiro de 2016, a Assembleia Nacional da Venezuela será completamente diferente: pelo menos 99 deputados legislarão pela MUD (Mesa da Unidade Democrática, coalizão de partidos opositores) e 46 pelo Grande Polo Patriótico, liderado pelo governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).
Poucas horas após a divulgação do resultado, Maduro reconheceu a derrota de sua coalizão. “Nós viemos com nossa moral e com nossa ética a reconhecer estes resultados adversos, a reconhecê-los e a dizer à nossa Venezuela que triunfou nossa Constituição e democracia”, afirmou.
Na ocasião, o líder venezuelano ressaltou que, para além de uma vitória da oposição, tratou-se do triunfo da “guerra econômica” e de “um capitalismo selvagem” e não relativizou: “foi uma bofetada para nos fazer despertar para o futuro”.
Nesta quarta (09/12), Maduro ainda anunciou que iniciará um processo de reestruturação “em todas as áreas do governo”, sobretudo no gabinete de ministros, após vitória da oposição nas eleições legislativas do país.
O pleito não se tratou de uma simples disputa pelos 167 assentos da Assembleia Nacional: realizada em meio a uma pesada crise econômica e a quase três anos da morte de Hugo Chávez, as eleições ganharam um “sabor” de presidenciais, frente à importância que adquiriram tanto para o chavismo, quanto para a oposição.