Atualização às 15h41
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta terça-feira (21/11) uma crítica velada ao mandatário eleito da Argentina, Javier Milei.
A declaração foi dada após o mandatário brasileiro anunciar que seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem viajado pelo mundo “para discutir e saber experiências”, mas espera que “ele não vá atrás dessa nova experiência que surgiu aqui pelo continente”.
Após a vitória de Milei, no último domingo (19/11) com 55,7% dos votos, Lula divulgou uma mensagem desejando “boa sorte” ao novo governo argentino, mas sem citar o presidente eleito nominalmente.
Durante sua campanha, o ultraliberal chegou a chamar o líder brasileiro de “comunista furioso” e a acusá-lo de tentar interferir nas eleições argentinas para beneficiar o candidato peronista Sergio Massa.
Além disso, o representante da extrema direita argentina Javier Milei insultou o presidente brasileiro, a quem chamou de “corrupto” e “comunista”, negando uma possível reunião com o mandatário vizinho.
Essas declarações de Milei ocorreram em uma entrevista após ser questionado se “manteria relações diplomáticas com as ditaduras comunistas da região“, mencionando “Lula e o modelo venezuelano”. “Não, eu as condenaria”, foi a resposta curta de Milei.
Segundo o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, Milei deveria telefonar a Lula para “se desculpar” por seus posicionamentos.
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Ultraliberal eleito na Argentina já chegou a chamar o líder brasileiro de "comunista furioso"
'Não preciso gostar do presidente da Argentina'
Sem citar diretamente o nome de Milei, Lula declarou que “não precisa gostar” do presidente da Argentina durante um evento de formatura de diplomatas do Instituto Rio Branco, escola de formação do Itamaraty, em Brasília.
“Eu não tenho que gostar do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela. Ele não tem que ser meu amigo. Ele tem que ser presidente do país dele, eu tenho que ser presidente do meu país. Nós temos que ter política de Estado brasileira e ele do Estado dele”, iniciou Lula em seu discurso.
Ele apontou que é importante apenas que haja uma relação que possibilite negociações: “Nós temos que nos sentar na mesa, cada um defendendo os seus interesses. Não pode ter supremacia de um sobre o outro, a gente tem que chegar a um acordo. Essa é a arte da democracia. A gente tem que chegar a um acordo”.
Citando o cenário latino-americano, Lula ressaltou a necessidade de buscar pontos de convergência entre atores divergentes: “Nós estamos vivendo algumas confusões na América do Sul. Não é mais a mesma de 2002, de 2004, 2006. Nós vamos ter problemas políticos”.
“E, em vez de reclamar dos problemas políticos, nós temos que ser inteligentes e tentar resolvê-los, tentar conversar. Tentar fazer com que as pessoas aprendam a conviver democraticamente na adversidade”, acrescentou.
(*) Com Ansa