Agência Efe (21/09/12)
Em Islamabad, governo paquistanês reforçou a segurança ao redor de embaixadas por conta dos protestos
As autoridades brasileiras decidiram fechar sua embaixada em Islamabad, capital do Paquistão, nesta sexta-feira (21/09), em decorrência do feriado nacional e dos protestos que ocorrem em todo o país contra o filme anti-Islã “A Inocência dos Muçulmanos”.
Apesar de o Ministério das Relações Exteriores negar que o encerramento das atividades está relacionado com as manifestações, um funcionário do governo brasileiro no local disse ao Opera Mundi que os protestos agendados para hoje também pesaram na decisão.
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Outros países também optaram por não abrir suas representações diplomáticas no país nesta sexta, incluindo a França, que teme represálias por causa de publicação de charge do profeta Maomé nu em revista satírica. Desde a semana passada, milhares de pessoas tomaram às ruas de países do mundo muçulmano e invadiram embaixadas de Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.
No Paquistão, os protestos ocorreram ao redor de todo o país durante os últimos dias, mas se intensificaram hoje por conta de decreto do governo que criou o feriado nacional do “dia de amor ao profeta”. A medida foi entendida como um ato populista das autoridades que querem conquistar apoio político tendo em vista as próximas eleições.
Agência Efe (21/09/12)
Centenas de pessoas foram às ruas para protestar contra o filme anti-Islã em Karachi, a maior cidade do país
Para evitar atos violentos durante o feriado, os governantes ordenaram a suspenção da rede celular até às 18 horas. O jornal paquistanês Tribune, no entanto, informou que, até o momento (cerca de 20 horas no local), a linha telefônica permanece fora do ar apenas nas cidades onde os protestos continuam.
Nawaz Sharif, presidente do Partido Liga Muçulmana, convocou os paquistaneses para saírem às ruas em protestos pacíficos contra o filme norte-americano, que satiriza o profeta Maomé e compara os fiéis islâmicos a um burro. “É o dever de todos os muçulmanos condenar o vídeo e participar das manifestações pacíficas contra ele”, afirmou Sharif nesta quinta (20/09).
As autoridades também decidiram reforçar a segurança nas ruas do país, sobretudo nos arredores de sedes diplomáticas ocidentais.
Protestos
Milhares de paquistaneses realizaram protestos pacíficos por todo o país, mas, em alguns locais, as manifestações adquiriram caráter violento e dezenas de pessoas quebraram edifícios, como bancos, lanchonetes e cinemas. A polícia reprimiu os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Agência Efe (21/09/12)
Policiais paquistaneceses perseguem manifestante que participava de protesto contra filme anti-Islã em Peshwar
Até o momento, pelo menos 14 pessoas morreram, incluindo um jornalista, e centenas ficaram feridas. Apenas em Karachi, a maior cidade do país, cerca de 80 pessoas relataram estar com ferimentos por conta dos protestos e cinco cinemas, três carros policiais, cinco bancos e cincos carros foram incendiados.
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, e o primeiro-ministro, Raja Pervaiz Ashraf, expressaram pesar pela morte do trabalhador da rede televisiva ARY em comunicados separados. Ambos os líderes pediram aos manifestantes não usarem a violência e reafirmaram que o protesto pacífico é o “jeito apropriado” de expressar sentimentos.
O líder religioso islâmico Mufti Naeem desaprovou as manifestações violentas e manteve sua oposição à criação do feriado. “É culpa do nosso governo. O governo concedeu esta oportunidade para as pessoas. Eles deveriam ter enviado um representante para os EUA para apresentar um protesto e deveriam ter boicotado os produtos norte-americanos em vez de declarar um dia como este”, disse ele.