No fim da noite da última terça-feira (28/01), Barack Obama assmuiu a tribuna do Congresso dos Estados Unidos para pronunciar diante de deputados, senadores, ministros e juízes da Suprema Corte o mais importante discurso presidencial do ano. Na 6ª vez que cumpre o ritual e oferece o tradicional “State of the Union” (“Estado da União”), em que delineia as prioridades da Casa Branca para o ano, Obama deu novamente grande destaque a dois temas recorrentes: economia dos EUA e combate à desigualdade no país. Com um adendo importante: se o Congresso não o ajudar nessa tarefa, ele mesmo vai fazê-la sozinho. Sem se intimidar por estar no Capitólio — a casa dos legisladores —, Obama foi duro com o Congresso (dominado por republicanos), que passou 2013 freando os seus projetos mais significativos: “Vamos fazer deste ano um ano de ação”.
Confira abaixo os “melhores momentos” do discurso de Barack Obama:
Agência Efe
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A culpa é do Congresso
Mês após mês, Obama seguiu acumulando revezes contra o Congresso dos EUA em 2013 — o mais notável dos embates paralisou a administração federal do país por semanas, após a luta dos republicanos contra o programa de saúde conhecido como Obamacare. Para 2014, o presidente pretende fazer o possível sem precisar depender da aprovação legislativa. “Sempre que eu puder avançar para criar oportunidades para mais famílias americanas, farei isso”, disse Obama, sinalizando que deverá usar com mais frequência do expediente das “ordens executivas”, mecanismo semelhante às medidas provisórias no Brasil. Afirmou ainda: “a todos os prefeitos, governadores e deputados estaduais norte-americanos: vocês não precisam esperar o Congresso agir”. Após o discurso, muitos republicanos reagiram afirmando que a intenção de Obama é “inconstitucional”.
Agência Efe
Na sede do Congresso norte-americano, Obama falou a todos: deputados, senadores, ministros, magistrados e convidados
Salários maiores e mais iguais
“Hoje, o salário mínimo federal vale cerca de 20% menos do que quando Ronald Reagon chegou ao poder [em 1981]”, disse Obama, anunciando que assinaria uma medida executiva elevando para US$ 10,10 (cerca de R$ 25) por hora a remuneração de alguns funcionários federais. “Digam sim. Deem aos Estados Unidos um aumento”, pediu o presidente, mais uma vez. Obama questinou também a desigualdade de gêneros no mercado de trabalho dos EUA: “Hoje, as mulheres são cerca de metade da nossa força de trabalho. No entanto, ainda ganham apenas 77 centavos para cada dólar pago a um homem. Isto é errado e, em 2014, uma vergonha”.
Flickr/Kurtis Garbutt/CC
Nuvem de palavras do discurso de Obama, destaque para: 'empregos', 'impostos', 'americanos', 'direitos', 'Congresso'
Aos milionários: mais impostos e investigação
Para Obama, Washington tem que parar de subsidiar seus milionários. E o jeito de fazer isso é alterando a carga tributária do país. “Se você ganha mais de US$ 1 milhão por ano, você não deveria pagar menos de 30% em impostos. E se você ganha menos do que US$ 250 mil por ano, como 98% das famílias americanas, seus impostos não deveriam subir.” O presidente disse ainda que pretende apertar o cerco contra quem comete crimes financeiros. Com a intenção de “proteger os investimentos das pessoas”, Obama quer criar uma procuradoria que investigue apenas a ocorrência de grandes fraudes no sistema. “Algumas empresas do ramo continuam a violar grandes leis antifraude porque não há punição real para quem é reincidente”.
Flickr/Talk Radio News Service/CC
Convidado lê encarte do discurso de “Estado da União”, na sede do Capitólio, em Washington
Uma reforma para o sistema imigratório
“Mais do que nunca, acredito fortemente que temos que fazer algo sobre a imigração ilegal. Vamos aprovar essa reforma este ano”, pressionou Obama sobre o tema, uma de suas principais bandeiras políticas quando assumiu a Casa Branca, em 2009. Muito embora não tenha tocado na questão da concessão de cidadania aos mais de 11 milhões de imigrantes que vivem clandestinamente nos EUA, Barack Obama afirmou que o sistema atual está “falido”, o que arrancou aplausos de parlamentares presentes na Casa, até mesmo de alguns republicanos, favoráveis à reforma.
No Vine acima, reação “dispersa” do vice-presidente, Joe Biden, durante discurso de Obama
Ao redor do globo, todos os louros à diplomacia americana
No tempo dedicado à política externa, o assunto que dominou foi Oriente Médio. Afirmando que os EUA “estão mais seguros graças aos militares e civis que arriscaram suas vidas para manter o país livre”, Obama comemorou a redução da presença de tropas no Afeganistão e a retirada total do Iraque, além de afirmar que a liderança da Al Qaeda está a caminho de ser derrotada. Em função disso, crê Obama, “este tem que ser o ano em que vamos fechar a prisão de Guantánamo”, uma de suas maiores promessas durante a campanha eleitoral de 2008. Mas fez ressalvas: “De fato, o perigo ainda existe. Temos que permanecer vigilantes”. Afirmou ainda que é a “diplomacia americana” a responsável pela retirada das armas químicas da Síria e pela suspensão do programa nuclear iraniano.
Sobre a América Latina, disse apenas que o comércio e os intercâmbios educativos são essenciais para a relação dos EUA com o continente.