Durante reunião com Evo Morales nesta sexta-feira (30/08), a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, voltou a manifestar “repúdio completo” à fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz para Brasília, com ajuda do diplomata Eduardo Saboia, mas afirmou que sua permanência no país depende do Conare (Conselho Nacional de Refugiados).
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As informações são do novo chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, em entrevista coletiva realizada após a reunião entre os dois chefes de Estado. Mais cedo, eles participaram da reunião da Unasul (União de Nações Sul-americanas).
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“Logo no início do encontro, a presidente manifestou ao presidente Evo seu repúdio completo ao episódio de retirada do senador Pinto da nossa embaixada em La Paz. E disse que o o Brasil jamais concordaria em retirar um asilado de uma embaixada nossa sem garantias plenas quanto à vida e a segurança”, afirmou Figueiredo.
Agência Efe
Os presidentes Dilma Rousseff e Evo Morales se reuniram hoje após cúpula da Unasul para tratar de fuga de senador boliviano ao Brasil
O chanceler, que substituiu Antonio Patriota após a vinda do senador boliviano ao Brasil, disse ainda que Dilma explicou a Morales que Pinto solicitou refúgio, área de responsabilidade do Conare. A decisão não tem prazo definido.
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Morales, mais cedo, havia descartado conflitos com a presidente Dilma por conta da crise gerada pela fuga do senador. Segundo ele, Brasil e Bolívia têm uma relação madura e podem resolver seus problemas através do diálogo.
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“Tantos problemas se apresentam [com o Brasil] e resolvemos. Resolvemos mediante o diálogo direto às vezes de presidente com presidente. Vamos buscar esse caminho certamente”, disse, em entrevista coletiva antes da reunião da Unasul.
Em sua opinião, existem “alguns grupos no Brasil que querem um conflito”, mas “não vão conseguir”, porque “somos presidentes eleitos” e existe “maturidade política” em ambas as partes.
O Senado boliviano, por sua vez, repudiou as declarações do senador brasileiro Ricardo Ferraço, que auxiliou Molina e Saboia na fuga e disse ontem (29) que a Bolívia é uma “ditadura disfarçada”.
Em documento, os parlamentares expressaram seu “repúdio às declarações” de Ferraço, que se referiu “de forma pejorativa à forma democrática que vive a Bolívia, com alusões ofensivas”.
“As declarações de Ricardo Ferraço contra a democracia boliviana são inutilmente agressivas, incoerentes em relação aos princípios democráticos universais, ofensivas da dignidade da Bolívia e sua forma de governo democrática, participativa, representativa e comunitária”, acrescenta a nota.
O documento será enviado ao Senado do Brasil, para que este órgão “tenha constância da moléstia, do repúdio e da rejeição às declarações do senador brasileiro”. Ferraço havia dito que o governo da Bolívia “tem a justiça em suas mãos” e que o país vive “uma ditadura disfarçada”. Além disso, afirmou que Morales foi o “maior responsável” pela forma como ocorreu a fuga de Molina.