O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou seu compromisso com a transição energética nesta segunda-feira (17/07), durante um discurso em Bruxelas ao lado da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no âmbito da cúpula entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
“A transição energética passa ser uma prioridade do nosso governo. Esse é um assunto de interesse da União Europeia e do Brasil. Neste ano, ao apresentarmos em agosto um programa de desenvolvimento, estará incluído um grande programa de transição energética, programa esse que nós queremos convidar a União Europeia a participar”, afirmou o presidente.
De acordo com Lula, esse será o “mais profundo programa de transição energética em um país em desenvolvimento”.
“O Brasil vai cumprir com sua parte na questão do clima, nós temos um compromisso com o desmatamento zero na Amazônia até 2030, é um compromisso quase que de fé”, ressaltou.
O presidente ainda destacou que a UE precisa compreender que a Amazônia sul-americana abriga 50 milhões de habitantes que “precisam ter condições de sobrevivência digna”.
“Para o Brasil, é extremamente produtivo esse regresso à União Europeia. O nosso país ficou seis anos afastado de qualquer atividade de política internacional, menosprezando a importância daquilo que significam as relações exteriores, e nós voltamos ao governo para colocar o Brasil no centro da disputa do protagonismo internacional”, declarou.
Segundo Lula, o Brasil passa por um momento de atividade econômica intensa e quer compartilhá-la com “nossos parceiros da União Europeia, do Mercosul, da América Latina e do Caribe”.
“Queremos aprofundar com a União Europeia a discussão sobre a questão não apenas do desenvolvimento industrial e do crescimento econômico, mas queremos discutir profundamente a questão climática”, acrescentou.
Já Von der Leyen celebrou o retorno do Brasil como um “ator protagonista no cenário global”. “Queremos caminhar lado a lado para enfrentar os grandes desafios da nossa era”, disse a mandatária do Executivo europeu.
“Isso está ao alcance se conseguirmos levar o acordo UE-Mercosul até a linha de chegada. Nossa ambição é solucionar todas as diferenças remanescentes o quanto antes e queremos ter um acordo em que os dois lados se beneficiem”, acrescentou Von der Leyen, ressaltando que a UE vai investir “pesadamente” na América Latina e no Caribe.
Twitter/Lula – Foto de Ricardo Stuckert
Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
45 bilhões de euros em investimento na região
Von der Leyen, prometeu, também nesta segunda-feira, 45 bilhões de euros em investimentos “de alta qualidade” na América Latina.
A meta foi anunciada durante o Fórum Empresarial União Europeia-América Latina, em Bruxelas, pouco antes do início oficial da cúpula entre os países da UE e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Segundo Von der Leyen, os investimentos ocorrerão no âmbito do Global Gateway, megaprograma do bloco europeu para ampliar sua influência no mundo.
“Sob a bandeira do Global Gateway, propomos levar à América Latina mais de 45 bilhões de euros em investimentos de alta qualidade”, disse a presidente, acrescentando que “135 projetos já estão em curso, do hidrogênio verde às matérias-primas essenciais, da expansão da rede de cabos de dados à produção das mais avançadas vacinas de mRNA”.
O programa se sustenta nos seguintes pilares: transição verde, transformação digital inclusiva, desenvolvimento humano e resiliência sanitária. Entre os projetos em andamento estão a expansão das redes de telecomunicações na Amazônia, na qual Bruxelas colabora com o governo brasileiro e o setor privado da UE, a eletrificação do transporte público na Costa Rica e a construção de uma linha de metrô na Colômbia.
Recentemente, a Comissão Europeia também anunciou 35 milhões de euros para combater o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, enquanto o Banco Europeu de Investimento (BEI) vai destinar 800 milhões de euros para financiar diversos projetos climáticos no Brasil, na Argentina e no Chile.
Segundo Von der Leyen, a UE também quer se tornar “parceira de referência” da América Latina em matérias-primas críticas, como o lítio, elemento essencial para a produção de baterias elétricas.
“Diferentemente de outros investidores estrangeiros, não estamos interessados apenas em investir na pura extração de matérias-primas. Queremos colaborar com vocês para construir capacidades locais para a produção de baterias e produtos finais, como veículos elétricos”, disse a líder europeia.
“E vamos investir de uma maneira que beneficie as comunidades locais e crie bons trabalhos”, disse, remetendo à fala de Lula sobre o investimento em dignidade das populações locais.
(*) Com Ansa