O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, voltou a acenar nesta quinta-feira (19/12) com possibilidades de reconciliação para os sindicatos que lideram a greve na França. Segundo ele, a idade mínima para a aposentadoria, uma das principais reivindicações dos grevistas, poderá ser negociada. Philippe fez um apelo “à responsabilidade” aos funcionários das empresas de transporte para “permitir que os franceses possam visitar suas famílias neste fim de ano”.
Édouard Philippe tenta negociar com as principais bases de grevistas para tentar apaziguar a situação antes do Natal e do Ano Novo, e afirmou ser a favor de uma “aposentadoria progressiva” para o setor público.
No entanto, o governo de Emmanuel Macron já disse que não abrirá mão da extinção dos 42 regimes especiais vigentes atualmente para as aposentadorias no país. Philippe declarou nesta quinta-feira esperar que a lei que reforma a previdência francesa seja votada “antes do verão”, ou seja, antes da metade de 2020.
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“As discussões dos últimos dias fizeram progressos concretos”, disse o chefe de governo em comunicado oficial à imprensa. Em relação ao equilíbrio financeiro do sistema de pensões, “prioridade do governo”, Philippe disse ser imperativo que, quando os parlamentares votarem a lei, “e espero que antes do verão, tenhamos estabelecido uma estrutura”. Ele advertiu que “nem o presidente da República nem eu nem nenhum membro do governo queremos anunciar soluções, adiando problemas”.
“A preocupação com o equilíbrio financeiro é amplamente compartilhada por muitos parceiros sociais, mesmo que as abordagens possam ser diferentes, eu escutei as críticas”, continuou o premiê. “Desde os primeiros dias de janeiro, consultaremos os parceiros sociais e devo propor, em meados de janeiro, um método que nos permita chegar a um acordo, levando em consideração propostas sindicais”, disse o primeiro-ministro.
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Mobilização contra a reforma previdenciária entrou na terceira semana nesta quinta-feira e possível compromisso do governo continua incerto
Mobilização
A mobilização contra a reforma previdenciária entrou na terceira semana nesta quinta-feira e um possível compromisso do governo continua incerto. A equipe de Macron deve receber os principais atores sociais para decidir sobre o fim ou não dos trens durante as férias de fim de ano.
No 15º dia da paralisação, apesar de uma ligeira melhora, as dificuldades continuam para os usuários de trens regionais, municipais e internacionais. Ainda não se sabe quais e quantos deles funcionarão nos dias 23 e 24 de dezembro.
Várias manifestações foram organizadas por toda a França. Em Rouen (Centro), milhares de manifestantes carregavam cartazes com dizeres como “Não queremos ser escravos. Não haverá trégua! Não desistiremos de nada!”. Grandes centros como Rennes (Oeste) e Marselha (Sul) também foram palco de protestos, segundo as prefeituras.
Em Paris, centenas de manifestantes se reuniram no início da tarde na Gare de Lyon. “Estamos entrando na parte mais difícil da mobilização antes das festas. Temos que mostrar que não vamos desistir”, explicou Sophie, professora.