Diante da falta de um consenso sobre o Brexit entre o governo da primeira-ministra britânica, Theresa May e o Partido Trabalhista, e mesmo dentro do Parlamento de Westminster, a saída do Reino Unido da União Europeia se mostra ainda como um projeto nebuloso. Nesta quinta-feira (21/03), a chanceler alemã, Angela Merkel, declarou que, caso os europeus autorizassem a mudança, a extensão deveria ser “curta”.
Se o parlamento britânico não ratificar o acordo negociado pela primeira-ministra britânica com Bruxelas, “haveria necessidade de organizar uma cúpula extraordinária”, disse Merkel.
Do outro lado do Canal da Mancha, os políticos britânicos continuam discutindo como, quando e até se o divórcio vai realmente acontecer. Apesar da data da separação estar oficialmente marcada para daqui a oito dias, May enviou um pedido formal a Bruxelas solicitando o adiamento deste prazo para 30 de junho.
A ideia não agrada a Comissão Europeia. Para o presidente do executivo do bloco, Jean-Claude Juncker, a saída do Reino Unido deveria estar completa até o dia 23 de maio, quando começam as eleições europeias. Nesta quinta-feira (21/03), a premiê britânica desembarca em Bruxelas para discutir a extensão do prazo do Brexit com os líderes europeus. Seu adversário político, o líder do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn também é aguardado na capital belga.
Os dirigentes europeus devem ouvir as justificativas da líder conservadora. Nenhum avanço é esperado, pelo menos da parte de Theresa May, que deseja estender a data da saída do Reino Unido em três meses.
O negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, acredita que sem um plano concreto de Londres a extensão pode arrastar a incerteza por mais tempo. Barnier adverte para um cenário de um Brexit sem acordo e o clima em Bruxelas fica mais sombrio porque esta possibilidade agora é real.
No entanto, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, diz que vai recomendar aos chefes de Estado e governo da UE que concedam a prorrogação do prazo do divórcio. Tusk acredita que uma extensão curta é possível, desde que seja condicional a um voto positivo do acordo de saída no Parlamento britânico. Porém, este acordo negociado com Bruxelas, que oferece a chamada “saída ordenada”, foi rejeitado duas vezes.
Parlamento britânico impede votação do Brexit
Nesta quarta-feira (20/03), o presidente do Parlamento britânico impediu uma terceira votação do plano do Brexit, argumentando que o texto deveria apresentar “alterações substanciais” para que pudesse ser votado novamente. Resta saber se na próxima semana o texto e a casa vão conseguir estar em ordem.
Se o Parlamento britânico conseguir aprovar o acordo de May na próxima semana, a extensão de três meses para o prazo do Brexit deve receber o sinal verde de Bruxelas. Caso contrário, a União Europeia poderá propor um adiamento mais longo, o que implicaria na participação do Reino Unido nas eleições europeias marcadas para maio próximo.
Mas o negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, não concorda com essa opção. Recentemente, o diplomata francês encarregado de negociar o divórcio com o Reino Unido em nome dos 27 países do bloco ressaltou que “prolongar a incerteza tem custos econômicos e políticos, além das consequências nas eleições europeias”.
Até o momento, Theresa May parece inabalável ao excluir qualquer extensão após 30 de junho ou a convocação de um segundo referendo sobre o Brexit. Especialistas dizem que May estaria mais disposta a renunciar do que aceitar um adiamento longo.
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