A cúpula sobre Novo Pacto Financeiro Global, que acontece em Paris, capital da França, teve como estrela da sua jornada inaugural, nesta quinta-feira (22/06), a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, cujo discurso foi marcado por um forte apelo a uma “transformação absoluta” e não uma simples reforma do sistema financeiro.
Em sua apresentação, Mottley disse que uma reforma das instituições existentes, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), não resolverá a situação atual de crescente aumento da desigualdade no mundo.
“O que nos é exigido agora é uma transformação absoluta e não uma reforma das nossas instituições. Se o capital que está nos balanços das grandes empresas privadas ficar de fora da equação, não vamos resolver o problema”, ressaltou a primeira-ministra do país caribenho, em uma das intervenções mais aplaudidas do evento.
? En ouverture du Sommet pour un nouveau pacte financier mondial, la Première ministre de la Barbade Mia Mottley plaide pour une réorientation de la finance internationale vers les enjeux climatiques et une “transformation absolue” du système financier” pic.twitter.com/B0VlZ57PEq
— Le journal Afrique TV5MONDE (@JTAtv5monde) June 22, 2023
Mottley também enfatizou que a cúpula convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron, “só marcará um ponto de inflexão nesse desafio se o desenvolvimento das nações de baixa renda puder avançar, em paralelo com uma luta real e profunda contra a pobreza, um maior investimento em energia limpa e o reforço das estruturas para que os países possam resistir às mudanças climáticas”.
Outra figura que se destacou no primeiro dia do evento foi a ativista climática ugandense Vanessa Nakate, que abordou principalmente as “promessas não cumpridas” com relação às metas assumidas pelos países com relação à crise climática.
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Discurso de Mia Mottley foi um dos mais aplaudidos do evento em Paris, que também conta com as presenças de Lula e Macron
“Esses compromissos não concretizados custam vidas. O sistema energético que temos hoje produz notáveis lucros para os consórcios petrolíferos ocidentais e muito pouco para os países que possuem esses recursos, além de gerar efeitos no planeta que afetam muito mais as populações mais pobres”, frisou a defensora da causa climática.
Nakate também exigiu “uma ação concreta [dos chefes de Estado] no sentido de abandonar, ainda que paulatinamente, a utilização de combustíveis fósseis”.
This summit has to be about the people. Finance has to serve people, otherwise what is the point of it? That means clean energy, not fossil fuels.#NewFinancingPact pic.twitter.com/92f3URsr5V
— Vanessa Nakate (@vanessa_vash) June 22, 2023
Por sua vez, o presidente da França, Emmanuel Macron, anfitrião do evento, fez um discurso mais moderado, pedindo um “choque de financiamento público” e “uma ajuda mais efetiva para ajudar os países pobres contra o aquecimento global”, mas sem defender um novo sistema, nem uma proposta mais específica.
Sobre os problemas do atual sistema financeiro, o mandatário francês afirmou que ele “é fruto de um consenso passado e precisa ser repensado”.
Além de Mottley e Macron, outros líderes mundiais presentes na cúpula são os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), além do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o diplomata português António Guterres.
Com informações de TeleSur e Les Nouvelles News.