Restando apenas duas semanas para a eleição presidencial venezuelana, os dois principais candidatos, o atual presidente Hugo Chávez e o opositor Henrique Capriles, realizaram nesta segunda-feira (24/09) dois grandes comício no interior do país sul-americano.
Em Acarígua (Estado de Portuguesa, oeste do país), o chefe de Estado pediu aos seus eleitores para “não baixar a guarda” e conseguirem o maior número possível de votos, enquanto o rival, em Barinas (Estado homônimo, também ao oeste), procurou criticar pontos do plano de governo do rival.
Chávez
Em seu discurso, Chávez criticou os membros da coligação opositora, a MUD (Mesa da Unidade Democrática), por supostamente negociarem cargos de governo antes mesmo da eleição presidencial, que está marcada para o dia 7 de outubro – mesmo com os institutos de pesquisas mostrando vantagem média de 20 pontos percentuais a favor da reeleição do atual chefe de Estado. “Nossa corrida chega à reta final se fortalecendo”, afirmou.
No comício de Acarígua, o presidente ironizou a recente declaração de Capriles, que prometeu anunciar membros de seu governo, caso seja eleito, no mesmo dia da eleição presidencial. “A oposição anda desesperada porque perdeu apoio de quatro partidos”, disse Chávez, referindo-se à recente crise política pela qual passa a coalizão, quando há duas semanas, as legendas Unidade Democrática, Mãos pela Venezuela, Cambio Pana e Piedra retiraram o apoio à candidatura Capriles.
Prensa Miraflores
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, durante comício em Portuguesa, onde afirmou que vai “nocautear” rival nas urnas
O presidente venezuelano também disse que a AD (Ação Democrática) quer cinco ministérios, além do cargo de ministro de Relações Exteriores. Já os partidários do Copei (Comitê de Organização Política Eleitoral Independente), para Chávez, querem a presidência do Banco Central. AD e Copei governaram a Venezuela durante 40 anos, até a ascensão de Chávez ao poder em 1999.
“A candidatura da direita está fazendo um grande esforço, gastando muito dinheiro e por isso todos querem um cargo. Vão se dar mal porque é Chávez quem vai ganhar”, disse. Em meio a seu discurso, o presidente clamou aos militantes para que cada um consiga mais dez votos, reproduzindo um dos lemas do PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela), partido de Chávez, nesta campanha, o “um por 10”.
Antes de subir ao palanque, o presidente vestiu luvas de boxe presenteadas pela pugilista venezuelana Karlha Magglioco, que disputou a Olimpíada de Londres neste ano na categoria até 51 quilos, e disse que “nocauteará”, seu adversário.
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Ao público, o presidente perguntou qual seria o seu percentual de votos nessas eleições, recebendo um sonoro “oitenta por cento” do público. Nas eleições de 2006, Chávez obteve mais de 274 mil votos em Portuguesa, o equivalente a 77,06% dos eleitores, contra o então candidato da oposição Manuel Rosales, que ficou com 22,65%. A meta do comando de campanha chavista é de alcançar, neste ano, mais de 415 mil votos.
A região dos Llanos venezuelanos têm um histórico de altas votações para Chávez. De acordo com a última pesquisa do Ivad (Instituto Venezuelano de Análise de Dados), os Estados da região (Portuguesa, Barinas, Apure, Cojedes e Guárico) darão ao presidente 64,2% dos votos, enquanto Capriles pontua com 27,5%. A região também tem o menor número de indecisos, 8,35%.
Chávez não deixou de mencionar o suposto “pacotaço neoliberal” que seria implementado pelos seus opositores em caso de vitória. O suposto documento vazado chama-se “Primeiras ideias e ações econômicas a tomar pelo Governo da Unidade Nacional” e trata de planos sobre desregulamentação bancária, suspensão de investimentos em programas sociais, transferência de programas sociais e alimentares para a iniciativa privada, além do aumento de tarifas públicas – o que teria iniciado a crise interna na MUD.
Capriles
Por sua vez, Capriles já começou o encerramento de sua campanha pelos Estados. Na segunda-feira, esteve no Estado de Barinas, terra natal de Chávez e governada por Adán Chávez, seu irmão mais velho. “Barinas é o Estado mais pobre da Venezuela. Quem se esquece de sua terra natal, não tem direito de seguir governando”, disse.
Gullermo Suárez
Capriles discursa em Barinas, e critica pobreza de Estado governado pelo irmão de Chávez
Capriles está atacando a campanha de Chávez em diversas frentes. Em uma delas, ironiza o programa de governo chavista que, entre outras propostas, pretende “contribuir para um desenvolvimento de uma nova geopolítica e preservar a vida no planeta”. Com o tema da violência entre as maiores preocupações dos venezuelanos, o aspirante oposicionista ataca: “o candidato do governo planeja preservar a vida no planeta e a espécie humana, mas quem vai salvar vocês da violência?”, questionou.
Além de criar obras que ainda não foram concluídas na região, como a hidrelétrica de La Vueltosa, o aeroporto internacional e um hospital contra o câncer, o candidato também tem insistido em falar com setores da população tradicionalmente chavistas, na tentativa de obter uma fatia do eleitorado rival. Seu foco está nos servidores públicos, os recém-aposentados e os beneficiados pelo principal programa social governista, as Missões.