A embaixadora da Venezuela na OEA (Organização dos Estados Americanos), Carmen Velásquez, interrompeu nesta segunda-feira (20/03) uma conferência de imprensa do secretário-geral da organização, Luis Almagro, com Lilian Tintori e Patricia de Ceballos, esposas de opositores políticos venezuelanos na sede da OEA, em Washington, nos EUA.
A representante do governo de Nicolás Maduro tomou tal atitude em protesto ao que classificou como “proselitismo político” de Almagro na OEA. “Viemos protestar energicamente a esta conferência de imprensa. O senhor Almagro sabe que isto viola toda a normativa da organização: não se podem realizar atos proselitistas”, disse a embaixadora.
Velásquez leu uma carta que a Venezuela apresentou ao Conselho Permanente da OEA, acusando o secretário-geral de conduzir “uma provocadora campanha político-midiática contra o governo legítimo e constitucional da Venezuela”.
“Ao denunciar tais feitos, solicitamos ao presidente do Conselho Permanente que se iniciem as consultas com os Estados-membros a fim de velar pela observância das normas que regulam o funcionamento da Secretaria Geral”, acrescentou a embaixadora.
Agência Efe
Carmen Velásquez, embaixadora da Venezuela na OEA, interrompeu conferência de imprensa de Luis Almagro, secretário-geral da organização, e esposas de opositores venezuelanos
Em relação a Tintori e Ceballos, esposas de Leopoldo López e Daniel Ceballos, respectivamente, políticos opositores presos na Venezuela e condenados por envolvimento em protestos contra o governo Maduro que deixaram 43 mortos em 2014, Velásquez afirmou que “ são pessoas de um partido político (Vontade Popular) que se negaram a dialogar na Venezuela”.
Na nota de protesto enviada à presidência do Conselho, a Venezuela denuncia que Almagro deu com esta convocação “mais uma mostra do duro golpe à institucionalidade da OEA”.
NULL
NULL
#Venezuela denuncia y rechaza práctica ilegal,ilegítima recurrente e irresponsable d #Almagro quien utiliza espacios OEA con fines políticos pic.twitter.com/LT8vmngRyR
— Misión Venezuela OEA (@VenezuelaEnOEA) 20 de março de 2017
A Venezuela alega que a legislação interna da OEA afirma que “os programas e funções nos prédios da organização não serão políticos, nem terão caráter ou fim análogo”. De acordo com a delegação diplomática, Almagro utilizou “mais uma vez, os espaços da OEA com fins proselitistas” e “viola o princípio de não intervenção nos assuntos internos dos Estados”.
Após a interrupção, a conferência de imprensa prosseguiu e Almagro afirmou que “a única coisa que escutamos são ameaças e insultos” do governo venezuelano. O secretário-geral da OEA disse que a intervenção de Velásquez “me convenceu ainda mais profundamente que este esquema de perseguição que sofrem venezuelanos e venezuelanas os segue em todas as partes”.
A conferência de imprensa com Almagro e as opositoras venezuelanas se dá menos de uma semana depois da publicação de um relatório do secretário-geral que pede a ativação da Carta Democrática Interamericana e a suspensão da Venezuela da organização, caso o país não realize eleições gerais em breve.
Suspender à Venezuela da OEA é um processo diplomático complexo e que requer o apoio de dois terços dos 34 países-membros. A suspensão é a punição mais alta que o organismo pode dar a um governo e só foi usada uma vez desde a criação da Carta: após o golpe de Estado em Honduras, em 2009.
Mais que as consequências práticas de deixar de participar das atividades e programas da entidade, o valor da suspensão é seu caráter de sanção política e moral de alguns governos sobre outros.
*Com Agência Efe