Depois um ano, 17 corridas e 370 milhões de dólares em negócios, o acordo que uniu empresas brasileiras e a organização da Fórmula Indy este ano foi renovado para 2010, na expectativa de que a recuperação econômica dos Estados Unidos acelere e estimule o maior mercado do mundo, ainda combalido pela crise.
A categoria, a principal da América do Norte e que está tentando se internacionalizar, tem 14 provas nos EUA – com destaque para as 500 Milhas de Indianápolis -, duas no Canadá e uma no Japão. Para 2010, há expectativa de uma etapa no Brasil, em circuito ainda a ser definido.
Pilotos como Emerson Fittipaldi, Hélio Castro Neves e Gil de Ferran são ídolos também entre os norte-americanos, o que gerou o interesse dos patrocinadores brasileiros. Isso, no jargão corporativo, quer dizer “possibilidade de exposição”.
“O projeto Indy serve para criar uma plataforma de entrada de bens e serviços brasileiros, em especial para produtos que não dá para expor em uma feira regional”, disse o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alessandro Teixeira, a jornalistas. “Como a Fórmula Indy se concentra nos EUA, diferentemente da Fórmula 1, que é mais globalizada e mais cara de patrocinar, vimos aí um caminho interessante de trabalhar as marcas no Brasil e no exterior”.
Para Teixeira, a economia dos EUA, mesmo em crise, merece investimentos pesados dos empresários brasileiros porque “não vai ficar patinando por muito tempo e tem um mercado consumidor inigualável”.
“O público das corridas da Fórmula Indy não é só o da arquibancada e o que vê pela TV. É o que comparece ao espaço reservado para conversar com os pilotos e os empresários. Esses fecham negócios”, explicou.
A previsão de uma corrida no Brasil estimulou os empresários do país a investirem 10 milhões de dólares para garantir a continuidade das ações que unam marcas nacionais às patrocinadoras estrangeiras. São esses os recursos usados para montar uma área VIP nos autódromos para encontros de negócios.
Corrida por negócios
De acordo com a Apex, 12 setores participaram da iniciativa, entre eles os de software, alimentos, biomateriais avançados (ossos e peles artificiais), equipamentos hospitalares, petroquímica, jóias e aeroespacial. No total, diz a agência, 25 associações setoriais e 50 empresas brasileiras participaram de uma ou mais competições da Fórmula Indy.
Grande parte dos 370 milhões de dólares em negócios entre brasileiros e estrangeiros veio do ramo de software. Particularmente, veio de uma empresa: a Softex, que assinou contratos no valor de 200 milhões de dólares depois de participar de três corridas da Indy, levando 18 clientes.
“Em um único projeto na área farmacêutica, podemos chegar a 30 milhões de dólares. Eles se interessaram porque, em uma corrida, contamos que o Brasil tem a segunda maior base de mainframes (computadores de grande porte) e a quinta de SAP (software de gestão de negócios) no mundo”, disse Robert Janssen, diretor da Softex. “Quando fomos, havia inserções de 30 segundos vendendo a competência brasileira nos telões e alguns desses também passaram na TV aberta. E todos os executivos importantes convidados acabam vindo, porque não é permitido aparecer apenas para a corrida”, brincou.
Sobre a crise nos EUA, o executivo prefere o otimismo. “Se conseguimos isso em um dos piores anos da história recente dos EUA, imaginem quanto mais podemos conseguir em 2010”, propôs Janssen, otimista.
“É importante investir no Brasil? É. Mas essa exposição lá fora é necessária porque não dá para esperar o Brasil crescendo 7% ou 8% ao ano tão cedo. Precisamos dos mercados já consolidados também”, concluiu.
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