A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) e a Liga de Direitos Humanos (LDH) impetraram pedido na Promotoria de Paris nesta quarta-feira (25/07) para que a justiça francesa investigue o envolvimento de companhias francesas com o regime de Bashar al Assad, sobretudo da Qosmos.
Segundo as organizações, empresas especializadas em equipamentos de segurança podem estar fornecendo materiais para o governo sírio utilizados na repressão dos movimentos de oposição ao presidente. “As companhias ocidentais devem saber que não podem vender esse tipo de material a regimes autoritários sem que haja consequências”, acrescentou Michel Tubiana, presidente da LDH.
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A Qosmos, que já sofreu acusações de envolvimento com Assad em novembro de 2011, foi novamente citada pelos grupos de direitos humanos pela comercialização do produto “Deep Packet Inspection” que serve para analisar, em tempo real, dados digitais que circulam pela internet. O governo sírio pode utilizar este serviço a fim de rastrear as comunicações dos ativistas.
“Como as autoridades francesas criticam fortemente a violência de Bashar al Assad contra o povo sírio, é fundamental que o envolvimento de companhias francesas no fornecimento de equipamentos de vigilância ao governo seja de conhecimento público”, disse Patrick Baudouin, presidente da FIDH.
Não é a primeira vez que organizações apontam o envolvimento de empresas ocidentais na venda de produtos utilizados pelo governo de Assad na repressão dos movimentos de oposição.
No início deste mês, o WikiLeaks divulgou uma série de documentos sobre a Síria que segundo a organização, “revelam como o Ocidente e as empresas ocidentais falam uma coisa e fazem outra”. É o que evidencia uma série de documentos divulgados no dia 5 de julho pela organização que demonstram o importante papel da empresa italiana Selex na repressão na Síria.
Filial do complexo militar industrial italiano Finmeccanica, a Selex e a multinacional Intracom Telecom, de capital russo e grego, assinaram contrato de 40 milhões de euros com o governo de Assad no início de 2008 para implementar o sistema de comunicações sem fio TETRA (Terrestrial Trunked Radio) no país. Segundo os documentos vazados pelo Wikileaks, existem fortes evidências de que estes equipamentos podem ter facilitado a repressão do governo de Assad, informou o Publico.es.