O julgamento do ex-presidente do Peru Alberto Fujimori começou no dia 10 de dezembro de 2007, três meses após o político ser extraditado do Chile. Os processos ficaram a cargo de três magistrados que formam a Sala Especial da Corte Suprema de Justiça, constituída especialmente para o caso.
Fujimori estava detido desde 2005 no Chile. O ex-presidente, que se exilou no Japão em 2000 após escândalos de corrupção que surgiram ao final de seu segundo mandato, viajou a Santiago como uma suposta parada no caminho de volta ao Peru, onde pretendia concorrer uma vez mais às eleições.
Em 2001 o Congresso peruano o proibiu de exercer qualquer cargo público durante 10 anos e abriu três processos penais contra ele. Outros processos foram incluídos entre 2002 e 2003. Fujimori era acusado de crimes contra os direitos humanos e financeiros, como os massacres de Barrios Altos e La Cantuta, que vitimaram 25 pessoas. A justificativa das ações era a caça por extremistas do Sendero Luminoso, grupo guerrilheiro peruano.
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“Guerra suja”
No início do julgamento, a defesa apresentou o argumento, por meio do advogado penalista César Nakasaki, de que o ex-presidente só poderia ter tomado decisões quanto ao Sendero Luminoso mediante ordens escritas. Segundo ele, não há nenhuma evidencia formal assinada por Fujimori sobre a “guerra suja”, como é denominado o período de violência compreendido entre 1991 e 2000, protagonizado pelo governo e os extremistas.
A defesa das vítimas e o Ministério Público afirmam que Fujimori, por meio de seu ex-assessor de Inteligência, Vladimiro Montesinos, estruturou um aparelho organizado contra subversivo, que levou à criação do Grupo Colina, formado por oficiais e técnicos do Exército.
O grupo é o responsável pela matança em Barrios Altos e La Cantuta. O MP peruano considera que Fujimori conhecia as atividades do grupo porque Montesinos só prestava contas ao presidente e os dois despachavam juntos.
Massacres
Os assassinatos de Barrios Altos aconteceram em Lima em novembro de 1991, quase um ano e meio depois da posse de Fujimori. Membros do Grupo Colina dispararam contra cidadãos que realizavam uma reunião social em uma casa: 15 morreram, sendo que uma delas era um menino de oito anos.
Na universidade pública de La Cantuta, dez estudantes e um professor foram seqüestrados e mortos em julho de 1992, após um atentado terrorista do Sendero Luminoso em uma zona de classe média em Lima. Os corpos foram encontrados em 1993 depois que uma pesquisa conjunta do Parlamento e de jornalistas revelou que as mortes foram de responsabilidade do Grupo Colina.
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