Depois de dois anos, 10 meses e 27 dias no cargo, Theresa May deixa de ser a líder do partido Conservador britânico nesta sexta-feira (07/06). Ela permanecerá no cargo de primeira-ministra por mais algumas semanas, até que a legenda se decida, finalmente, o nome do seu sucessor. May é a segunda mulher a ocupar o posto, depois de Margaret Thatcher, mas, fez questão de ressaltar no discurso em que apresentou a renúncia, há duas semanas que “certamente não será a última”.
O processo para se chegar ao nome do novo primeiro-ministro é complexo: os 11 políticos conservadores, que incluem só dois nomes femininos, têm até a semana que vem para oficializar as suas candidaturas. Depois, o partido realiza uma série de votações entre os deputados da legenda até chegar a dois nomes apenas. Na fase final, esses dois nomes são submetidos aos filiados do partido, que são 170 mil.
Antes mesmo da esperada renúncia de May, seus correligionários já se movimentavam. Um dos nomes mais cotados hoje é o do ex-ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, que já foi chamado pela mídia britânica de “o Trump do Reino Unido”. Não foi por acaso, que dias antes de pousar em Londres, o presidente americano manifestou simpatia pelo nome de Johnson para ser o próximo primeiro-ministro.
Brexit derrubou primeira-ministra
O motivo da queda de May foi o Brexit, mas ele ainda não aconteceu e está previsto para 31 de outubro. Não resta dúvida de que o nome de May estará indissociavelmente ligado à questão do Brexit. Os historiadores terão de fazer um esforço para se lembrar de outras políticas e outros temas que tenham marcado a sua gestão. Ela assumiu em 2016, depois que seu antecessor, David Cameron, propôs o referendo e caiu em seguida, com a missão de entregar aos britânicos um caminho para que o país deixe a União Europeia.
May ficou conhecida nesses últimos quase três anos como uma pessoa obstinada e teimosa, até que, afinal, capitulou diante da impossibilidade de apresentar um acordo do Brexit que fosse aceitável pelo parlamento britânico. Isso não quer dizer que outra pessoa vá conseguir cumprir a tarefa. A mesma guilhotina que decapitou a Theresa May continuará a postos, à espera dos resultados que apresentará o seu sucessor.
Caos político
É difícil saber se o Brexit sai agora, independentemente de quem seja escolhido como o próximo primeiro-ministro. O Reino Unido continua em meio a um caos político, a maior crise desde o pós-guerra. Alguns candidatos ao cargo vêm dizendo que, sim, que o país deixará a União Europeia no próximo dia 31 de outubro como previsto, com ou sem acordo.
Há quem diga que pretenda renegociar o acordo fechado entre May e os europeus nesses últimos quase três anos.
A verdade é que as autoridades europeias reiteraram algumas vezes que não pretendem renegociar o que já foi discutido. Sair sem um acordo significa que os britânicos podem cair num mundo de incertezas, que pode ter efeitos nefastos sobre a sua economia. O próximo primeiro-ministro britânico terá que discutir a polêmica questão e terá também a missão de retomar as agendas do país para além do Brexit.
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Engolida pelo Brexit, May se prepara para deixar cargo de premiê britânica