A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) realizou uma conferência de imprensa nesta segunda-feira (03/04) para reagir ao decreto anunciado no dia anterior pelo presidente do país, Guillermo Lasso, que autorizou a posse e o porte de armas por civis.
“Esta medida vai provocar um clima de terror constante na população e gerar mais violência, crimes e assassinatos” afirmou o porta-voz da Conaie, Leonidas Iza.
Minutos antes da conferência, a conta de Twitter da organização indígena publicou um comunicado chamando Lasso de “irresponsável” e dizendo que o decreto do mandatário é parte de uma escalada de violência política promovida pelo seu governo.
? [Comunicado]
El irresponsable anuncio de @LassoGuillermo sobre la autorización de porte y tenencia de armas de uso civil solo provocará un constante ambiente de terror para la población, con más violencia, criminalidad y asesinatos. #CONAIE pic.twitter.com/1IDU1s0SNK— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) April 3, 2023
“Nós já vínhamos alertando sobre o surgimento [no Equador] de grupos paramilitares, que buscam justificar e camuflar a política repressiva e persecutória assim como os assassinatos de líderes indígenas, líderes sociais e defensores de direitos”, acrescenta a nota.
Durante a conferência, os líderes da Conaie lembraram de um caso recente: o assassinato de Eduardo Mendúa, responsável pelas relações internacionais da organização indígena, morto em uma emboscada em fevereiro passado.
Conaie
Leonidas Iza, porta-voz da Conaie, acusa Lasso de querer provocar uma ‘escalada de violência política’ no Equador
“Nosso companheiro se encontrava em sua casa quando um grupo de mascarados entraram atirando e o mataram”, relatou Iza, para logo explicar que “esse é o clima de terror que pode ser ampliado graças ao decreto [de flexibilização do acesso às armas]”.
O decreto para a posse e porte de armas no Equador busca facilitar a aquisição de armas de fogo a pessoas a partir de 25 anos de idade, alegando “promover o direito de legítima defesa”.
No entanto, a Conaie afirma em seu comunicado que Lasso, “agora que está enfrentando um processo de impeachment, pretende gerar o caos”, dando a entender que a medida visa criar um clima menos desfavorável ao mandatário em meio ao processo.
Na última quinta-feira (30/03), o Tribunal Constitucional do Equador anunciou a decisão de declarar a admissibilidade do processo de impeachment contra o presidente Guillermo Lasso, por sua responsabilidade em um esquema de corrupção.
O juízo político do mandatário na Assembleia Nacional (unicameral) do país terá seus primeiros episódios nesta mesma segunda-feira, com o início dos trabalhos da Comissão de Fiscalização, primeiro trâmite do processo, que pode durar até dois meses.